Sunday, June 11, 2006

REVIEW - IRREVERSÍVEL


Um dos filmes mais polêmicos do ano de 2002 tem como seu maior meio de publicidade não apenas o fato de ter concorrido ao prêmio máximo do Festival de Cannes, mas também a cena de estupro de quase 20 minutos que foi repudiada por boa parte da crítica.
O diretor Gaspar Noé levou ao máximo o atentado de violência contra a vida de pessoas comuns tornando a situações Irreversíveis. As imagens se desencadeiam de trás para frente numa sequencia de blocos que vão se completando do fim até chegar o início. Noé tenta mostrar, desta forma, que iniciando-se o filme já com a tragédia instaurada, a situação se torna irreversível e nos resta apenas testemunhar os motivos que se sucederam até o ponto inicial.
O filme começa já no clímax que, usualmente, se constrói para o fim. Temos pouco tempo para nos situar sobre o que está acontecendo, pois ali está a razão maior do filme: o retorno do homem a auto-tutela da justiça, pretendendo-se vingar utilizando suas próprias mãos e despertando o ser selvagem que habita no seu interior.
A imagem pela qual vemos o cenário, a príncipio, vem de um movimento de câmera nervoso e inquieto no seu foco, o que aumenta mais ainda a angústia criando, até mesmo, uma certa impaciência. Utilizando-se de tomadas longas e contínuas dá-se intensidade ao tom vertiginoso.
Através dessas imagens somos levados a observar a primeira cena brutal. Pegos de surpresa, nós perguntamos qual o motivo daquela atrocidade aparentemente gratuita ? Apenas na metade do filme é que temos uma explicação para as imagens fortes daquilo que acabamos de ver. O roteiro não nos fornece subsídios para dar um valor a barbárie naquele momento que ocorre, anulando, desta forma, nossa reação imediata. Instintivamente, contudo, existe uma tendência a condená-la. Ele nos priva dos ingredientes que nos permitam aplicar o meio racional de entedimento para uma aceitação ou repúdio. A tensão, neste caso, vai diminuindo a medida que o tempo passa. É uma técnica diferente e que funciona com bastante competência.
Irreversível não funciona como um objeto de distração, mas sim como o meio para expor uma realidade possível de forma cruel e sem esperança.
Se você suportar assistir os primeiros 40 minutos não terá problemas em assistir ao restante.
Notas:
A maioria dos diálgos não tinham roteiro. A cena do estupro foi filmada por várias vezes e a única coisa que poderia fazer a sua gravação ser interrompida, sem contar o início e o fim, era que ela não passasse de vinte minutos.
O sangue no rosto de Mônica Belucci na cena do estupro foi adicionado digitalmente após as filmagens na pós produção. Da mesma forma com a cena de briga no bar gay.
O órgão genital do estuprador foi adicionado digitalmente.
Durante a cena da festa pouco depois (ou antes) do estupro quando é perguntado à Vincent Cassel o nome ele responde "Vincent" ao invés de dizer o nome de seu personagem, Marcus. Ele rapidamente dissimula e diz que esta apenas brincando. Isto evitou que ele tivesse que refilmar toda a longa e complicada cena.
A revista Newsweek afirmou que este era o filme mais transgressor do ano.
O diretor Gaspar Noé teve apenas um esquete de três páginas antes de começar a rodar o filme, também a grande maioria do diálogo foi improvisado.
O Rectum era de fato um club gay sadomasoquista em Paris. A equipe mudou o nome, deu um novo endereço ao set e adicionou luz vermelha. O clube espalhava-se no porão de três prédios separados e era tão cavernoso e confuso que muitos do menbros da equipe ficaram claustrofóbicos dentro dele.
A passagem em que ocorre a cena de estupro foi pintada de vermelho e o chão feito com uma espuma emborrachada com a cor de concreto.
Todo o filme foi rodado em Super 16, transportado para high-def video para ajuste de cor e edição, e depois exportado para Super 35. Para muitas das filmagens manuais o diretor usou a menor câmera de 16mm existente, Minima.
Foram feitas entre cinco a 15 tomadas de cada seqüência, cada uma com cerca de dez a vinte minutos, mas algumas das seqüências tiveram apenas três minutos. Algumas tomadas foram montadas em uma única seqüência apenas, utilizando-se de edições invisíveis disfarçadas com pós-processamente digital.
Os primeiros trinta minutos do filme tem um som ao fundo de freqüência de 30 Hz (freqüencia quase inaudível) similar ao barulho provocado por um terremoto. Em humanos esse som causa náuseas, mal estar e vertigen. Esta foi a causa por que pessoas saiam do cinema na primeira parte do filme em lugares como Cannes e San Sebastian. De fato, esse efeito foi adicionado com o propósito de dar essa reação.
A frase "O tempo destrói tudo", é a primeira frase falada e a última frase escrita.
Monica Belucci e Jo Prestia completaram as seis tomadas da cena do estupro em duas noites. Belucci afirmou que a primeira tomada foi a mais fácil de fazer, já que nos takes subseqüentes ela tinha total consciência do que ia acontecer e tinha que evitar que isso interferisse na sua caracterização.
O DVD lançado na frança informa orgulhosamente que das duas mil e quatrocentas pessoas que assistiram à premiére do filme em Cannes 200 deixaram o teatro.
Temendo que o filme pudesse ser rotulado como homofóbico, o diretor Gaspar Noé voltou ao set do Rectum, após a principal produção ter encerrado, e gravou uma curta aparição como o homem que se masturbava e inseriu no filme.
Toda a história é contada de trás para frente. Isso significa que cada seqüência começa no exato momento onde a próxima seqüência do filme termina.
Título original: Irréversible.

Gênero: Drama.

Ano: 2002.

País de origem: France.

Duração: 97 min.

Língua: Françês, Espanhol, Italiano, Inglês.

Cor: Colorido.

Diretor: Gaspar Noé.

Elenco: Monica Belluci, Vincent Cassel, Albert Dupontel, Jo Prestia.

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