Thursday, June 08, 2006

REVIEW - LUCÍA E O SEXO



Falar de cinema espanhol é falar em arte quase que pintada nas telas. Eles sabem usar com generosidade a construção dos sentimentos através de uma narrativa ilustrada de simbolismos que beiram o surrealismo. Toda imagem é construída desde que comunique à platéia o sentimento mais íntimo que tenha o personagem. Não existe tabu, já que a ausência deste se constitui no diferencial sendo a marca registrada das produções vindas do pais ibérico. Sendo assim, somos testemunhas de um cinema em que as emoções são transmitidas à flor da pele, na carne, e os limites são apenas aqueles estabelecidos pela própria natureza humana dentro de um universo de possibilidades.
Em Lucía e o Sexo vivemos os acontecimentos na vida de Lucía, garçonete de um restaurante que se apaixona pelo seu escritor favorito chamado Lorenzo, e decide declarar-se a ele sugerindo uma vida conjugal imediata. Inacreditavelmente, o romancista aceita a proposta quase que instantaneamente. Por um período, testemunhamos a insaciabilidade de Lúcia pelo amor e pelo sexo com Lorenzo explorado nas mais variadas formas. Em determinado momento, contudo, toda essa sensação de felicidade e plenitude vai se esgotando. Lorenzo modifica sua postura com a esposa tomando um ar mais frio e distante ameaçando a continuidade da relação. Essas modificações ocorrem à medida que ele vai escrevendo sua próxima novela. Lucía, aos poucos, acabará por entender os motivos relevantes de forma involuntária e gradual.
Para o telespectador, o filme denuncia as situações como se fosse uma colcha de retalhos em que os acontecimentos não estão distribuídos em períodos de tempo que, normalmente, se utiliza para um início, meio e fim tradicionais. Esse é o grande trunfo do filme para reter a atenção do expectador durante toda a exibição. A técnica funciona perfeitamente. A montagem feita em blocos descompassados nos proíbe de sentenciarmos qualquer uma das personagens envolvidas até que tudo fique esclarecido, só dessa forma poderemos dar o juízo de valor.
O filme é brilhante durante todo tempo. Talvez, a única falha seja o diretor ter esquecido de algumas personagens que detêm uma certa importância, mas são ignoradas num último momento.
Lucía e o Sexo é puro cinema espanhol.

Notas:
Algumas das cenas em que o sexo é mais explícito foram executadas por dublês.
O filme é dividido em dois capítulos : Lucía e O Sexo. Dai o título Lucía e o Sexo.




Título original: Lucía y el Sexo.

Gênero: Drama.

Ano: 2002.

País de origem: Espanha.

Duração: 128 min.

Língua: Espanhol.

Cor: Cores.

Diretor: Julio Medem.

Elenco: Paz Vega, Tristan Ulloa, Najwa Ninri, Daniel Freire, Elena Anaya, Javier Câmara.

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