Thursday, June 15, 2006

REVIEW - ENCONTROS E DESENCONTROS


Imagine se você tivesse que se mudar para um lugar onde não entendesse a língua local, onde os costumes fossem totalmente diferentes daqueles que você está habituado e seus familiares e amigos estivessem a quilômetros de distância. Pior ainda, se todo esse isolamento cultural e pessoal, fosse resultado da exigência de trabalho de seu companheiro, que além de estar a maior parte do tempo ausente, faz de seus momentos de folga uma extensão de seus compromissos profissionais. Até onde você suportaria ter uma participação meramente figurativa sem se fragilizar? É assim que se encontra Charlotte (Scarlett Johansson). Confinada dentro de um luxuoso hotel em Tóquio, no Japão, a jovem americana tenta conviver com o tédio, a solidão e o desprezo involuntário oferecido por John (Giovanni Ribisi), seu marido, um prestigiado fotógrafo.
Nesse mar de monotonia é que ela conhece Bob Harris (Bill Murray), famoso ator americano. Os dois encontram-se hospedados no mesmo hotel e iniciam uma amizade que em pouco tempo faz aflorar um sentimento genuíno de amor e amizade.
Harris é o típico americano de meia-idade. Ele é o retrato do aparente sonho americano: rico e bem sucedido. Dominado por uma rotina de paparicações e exposição pelo fato de ser uma celebridade, já demonstra uma certa impaciência no cumprimento da sua agenda. Entretanto, seu casamento de 25 anos caiu na rotina, e assim como Charlotte suas necessidades de atenção também não estão sendo supridas. Eles são vítimas dos mesmos sentimentos de marginalidade e apatia do mundo que os cercam. Esse é o grande elo existente entre as duas personagens. A vitalidade de Charlotte é o alimento de que Harris está precisando. O encantamento que os circulam é algo que transcende a esfera sexual. A sublimação dos sentimentos que os levam a estar juntos é fruto da necessidade da presença, do carinho, do calor humano e da importância real que um demonstra ter pelo outro. Isso tudo ocorrendo de forma espontânea.
A delicadeza da direção e roteiro, sob a responsabilidade de Sofia Coppola, dá ao filme uma sensação de esperança e reflexão das relações. Não existe um determinismo e as opções nunca se encerram. Temos a certeza que as personagens estão no pleno exercício do livre arbítrio.
A lição de Encontros e Desencontros revela-se a cada instante fazendo-nos pensar na singularidade de cada momento e de cada pessoa em nossa vida.
Notas:
27 dias foram suficientes para rodar o filme.
Sofia Coppola tirou várias fotos pela cidade de Tokyo e depois tomou-as como referência na hora de rodar com a equipe e o elenco.
A voz da esposa de Bob é na verdade a voz da figurinista do filme, Nancy Steiner.
Francis Ford Coppola aconselhou sua filha, Sofia Coppola, a fazer o filme utilizando o High Definition Video porque 'é o futuro', mas escolheu o filme em 35mm pois 'soa mais romântico'.
Sofia Coppola afirmou em entrevista que o escreveu o papel de Bob com Bill Murray em mente. Caso ele recusasse o papel, ela teria desistido do projeto.
Sofia Coppola escreveu esse filme baseado em sua vida. A personagem de John (Giovanni Ribisi) foi vagamente baseado em seu ex-marido Spike Jonze. Dizem que a personagem de Anna Faris, era supostamente, Cameron Diaz com quem Spike Jonze trabalhou em Quero Ser John Malkovich, embora Sofia negue essa intenção numa entrevista à Entertainment Weekly.
Alguns dos diálogos foram improvisados, incluindo as falas de Bill Murray no ensaio fotográfico e sua conversa com Scarlet sobre sua masagem de shiatsu.
A inspiração para fazer Bob Harris como garoto propaganda do Suntory Whisky foi inspirado no fato de que Francis Ford Coppola também fez uma propanda do Whisky Suntory na década de setenta com Akira Kurosawa.
O hotel em que Charlotte e Bob estão hospedados é o Hyatt Park Hotel em Tokyo.
Bob e Charlotte nunca se apresentaram formalmente no filme.
Bob foi pedido para ter um estilo mais Roger Moore quando estivesse rodando o comercial do Suntory, mas ele disse que preferia Sean Connery. Na vida real Sean Connery fez comerciais para a Suntory.
Sofia Coppola não tinha certeza se Bill Murray iria realmente aparecer para o filme, acertado apenas, segundo Sofia, por confirmação verbal. Apenas no primeiro dia das filmagens é que Bill Murray apareceu.
Charlie Brown, o cantor de Deus salve a rainha na cena do Karaokê, é o amigo de Sofia de longas datas e guia no Japão, Fumihiro Hayashi.
O nome do apresentador que Bob Harris participa é Takashi Fuji, apresentador na vida real de um programa de variedades no Japão. Matthew Minami era só nome da personagem.
A equipe sofreu uma ameça de prisão enquanto filmavam no metrô de Tokyo e no cruzamento de Shibuya.
O arquivo de televisão do jovem Bill Murray foi tirado do Saturday Night Live, de 1975.
O custo total do filme foi de 4 milhões de dólares. Arrecadou 6 milhões e meio nas bilheterias e depois que foi lançado comercialmente em DVD.
Catherine Lambert era na vida real cantora do Lounge do hotel em que a equipe estava hospedada, eles gostaram tanto da sua performance em uma determinada música que a convidaram para fazer parte do filme.
Em 1999 Bill Murray substituiu sua talentosa agência por um secretária eletrônica que pode ser discada através de um número 0800 que ele distribuia a quem precisasse se comunicar com ele. É registrado que Sofia deixou centenas de recados em sua secretária antes que ele retornasse para que pudessem discutir a oferta para pô-lo no elenco como a estrela do filme.
Scarlett Johanson estava relutante em ter que filmar de calcinha até que Sofia vestiu o traje e mostrou a ela como ficaria.
Título original: Lost in Translation.

Gênero: Comédia / Drama / Romance.

Ano: 2003.

País de origem: EUA, Japão.

Duração: 102 min.

Língua: Inglês, Japonês, Alemão, Francês.

Cor: Colorido.

Diretor: Sofia Coppola.

Elenco: Scarlett Johansson, Bill Murray, Giovanni Ribisi, Anna Faris.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home

  • Edite
  • http://cinept.blogspot.com/