REVIEW - DUNA
As imagens de Duna remetem, àqueles que o assistiram na década de oitenta, ao fascínio que a ficção científica exercícia sobre o público particularmente neste período, iniciando-se de forma comercialmente avassaladora com Guerra Nas Estrelas em 1977, Alien em 1979 e Blade Runner em 1981.
A fantasia galáctica do mundo do escritor Frank Herbert ganhou contornos com traços sul-reais do diretor David Lynch. O gótico, o misteríoso e oculto predominam na produção que utiliza grandes cenários, um ótimo elenco e um charme que reside em se distanciar da realidade.
No planeta Arrakis a disputa pela extração do mineral conhecido como a substância laranja gera uma batalha entre as famílias Arreikes tendo como o líder patriarca Duque Leto Atreides (Jürgen Prochnow) e a Harkonnens que sob a liderança do Barão Harkonnen (Kenneth McMillan) se alia a outros governantes, e também com o corrupto Imperador Padishah Shaddam IV (José Ferrer), para eliminar o seu maior adversário. Após o assassinato do Duque seu filho Paul (Kyle MacLachlan) refugia-se, com sua mãe a feiticeira Lady Jessica (Francesca Annis), no deserto, recebendo abrigo dos povos que lá habitam e que o reconhecem como o libertador que fora profetizado.
A ambientação de Duna parace inspirada num sonho etéreo circundado numa aura mística latente. Os poderes vão além da tecnologia científica material alcançando a metafísica e as ciências ocultas como bruxaria, clarividência, telepatia e hipnose tornando Duna uma obra de densidade sombria ao mesmo tempo que intrigante.
Os gigantescos sets de filmagem, que foram criados para a representação do local onde a história se desenvolve, são absolutamente magníficos e mesmo os efeitos especiais, na época considerado de ponta, ainda coadjuvam na composição do filme. Não tem como esquecermos dos vermes gigantescos que povoam o ambiente árido das terras do planeta vermelho, o rosto do Barão de Harkonnen em constante ulceração, os trajes futuristas-sumários de Feyd-Rautha (Sting), o dedo agulha da jovem Alia (Alicia Witt), e os olhos azuis florescentes dos habitantes dos desertos.
Sem dúvida alguma Duna é um ícone cult definitivo de uma geração.
Notas:
Inicialmente seria Ridley Scott quem levaria Duna às telas, mas como não conseguiu financiamento para o projeto acabou desistindo dele. Ridley Scott deixou a produção em definitivo depois que seu irmão mais velho faleceu. Scott queria iniciar os trabalhos imediatamente mas como Duna iria demorar para chegar a produção em si, Scott decidiu deixar o projeto em favor de Blade Runner (1982) que estava pronto para o início da produção de forma imediata.
David Lynch trabalhou durante 3 anos e meio para conseguir levar Duna aos cinemas.
O diretor David Lynch recusou a oferta de dirigir O Retorno de Jedi para poder dirigir Duna.
Duzentos trabalhadores ficaram durante 2 meses preparando um espaço de 3 milhas de um deserto no México para que este servisse como cenário para Duna.
Algumas cenas de Duna foram rodadas no mesmo cenário e no mesmo período em que estava sendo filmado Conan, o Destruidor (1984).
Cerca de 80 sets de filmagens foram construídos para Duna.
Alguns efeitos especiais de Duna foram rodados com iluminação em torno de 1 milhão de watts.
O diretor David Lynch não autorizou a versão extendida de Duna, que foi exibida na TV americana. Ele pediu que seu nome nos créditos como diretor fosse trocado pelo pseudônimo Alan Smithee e que seu nome como roteirista fosse alterado para Judas Booth. Este pseudônimo trata-se da união do nome "Judas", referência ao apóstolo que traiu Jesus Cristo, com "Booth", de John Wilkes Booth, o assassino de Abraham Lincoln. Este nome, de acordo com Lynch, demonstrava que o estúdio o traiu e assassinou o filme. A versão de Duna para a TV americana tem 190 minutos, 50 a mais que a versão exibida nos cinemas.
O orçamento de Duna foi de US$ 45 milhões.
Refilmado para a TV americana em 2000.
David Lynch considera este filme como sendo o grande fracasso de sua carreira. Até hoje ele se recusa a falar de vários aspectos da produção, assim como se recusa a trabalhar em cima de uma versão especial em DVD. Lynch alega que revisitar Duna é uma experiência muito dolorosa para ser feita.
Patrick Stewart alegou que o traje espacial foi a roupa mais desconfortável que ele já usou. David Lynch faria duas seqüências para o filme contudo o fracasso na bilheteria tornou impossível esse desafio.
Glenn Close recusou o papel de Lady Jessica não querendo interpretar o papel da "garota que está sempre correndo e caindo atrás dos homens".
Feyd-Rautha e The Beast Rabban são homens de poucas palavras tendo em vista que na versão de três horas Paul L. Smith fala apenas 34 palavras enquanto Sting outras meras 90.
Foi o primeiro filme a apresentar uma forma humana gerada por computador na composição dos escudos de proteção.
Durante o lançamento original do filme panfletos explicando o ambiente do filme e o seu vocabulário obscuro, era distribuido nas bilheterias dos cinemas. Foram necessárias duas semanas para Max Von Sydow concluísse sua parte.
Lynch não aprovou o edição extendida feita pela televisão.
O diretor David Lynch e a produtora Raffaella De Laurentiis fizeram um teste de tela com Sean Young em Nova Iorque. A agente de Young nunca falou a ela a respeito desta reunião e, além disso, a atriz estava neste mesmo dia com um vôo marcado para Los Angeles. Lynch e De Laurentiis perdeu seu vôo de volta para Los Angeles e terminaram pegando o mesmo vôo que Young. Durante o vôo, De Laurentiis percebeu Young e comentou com Lynch, "aposto que aquela garota é uma atriz". Uma das comissárias de bordo disse à eles que o nome dela era Sean Young. De Laurentiis apresentou-se e também David Lynch à Sean Young. Depois dos esclareciementos necessários, os três terminaram a viagem para Los Angeles bebendo champanhe e lendo o roteiro juntos. Os tendões que vemos quando Paul põe um gancho no verme para escalá-lo eram feitos com preservativos.
Na cena em que o Duque Leto é amarrado e dopado um dos refletores explodiram e o vidro da lâmpada por sorte não atingiu o ator Jürgen Prochnow, que conseguiu se desvencilhar a tempo.
Título Original: Dune.
Gênero: Ficção Científica.
Ano: 1984.
País de Origem: EUA.
Duração: 137 min.
Língua: Inglês.
Cor: Colorido.
Diretor: David Lynch.
Elenco: Kyle MacLachlan, Francesca Annis, José Ferrer, Jürgen Prochnow, Kenneth McMillan,
Patrick Stewart, Sting, Max von Sydow, Sean Young, Alicia Witt, Linda Hunt, Siân Phillips.
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