REVIEW - MARIA ANTONIETA
A pompa da aristocracia francesa no periodo pré-revolução de 1789 traz uma direção de arte e figurinos caprichados. Kirsten Dunst encarna a rainha Maria Antonietta num papel que lhe caiu bem, levando em conta a visão que a diretora/roteirista Sofia Coppola deu à jovem austríaca que tornou-se esposa do monarca Luiz XVI e juntamente com ele foi decapitada após a tomada da Bastilla pelas massas já no final do século XVIII. Graças ao seu desinteresse pelas causas sociais e sua fama de esbanjadora, Maria Antonietta se tornou a rainha mais impopular da história da França. A soberana era tão despreucupada quanto alheia ao seu papel de rainha na corte. Os recursos que por ela deveriam ser administrados para a realização de caridades eram gastos nas mesas de apostas e nas festas boêmias que duravam toda a noite e que, segundo o filme, se constituiam no grande prazer da monarca.
Criada para se comportar como convém ao seu status de integrante da alta-nobreza, Maria Antonietta é retratada como uma adolescente ingênua em sua essência. Ela possuia com um gosto refinado, mas sem a menor consciência do que ela representava para a vida política em sua época. Para a jovem austríaca seu único prazer se resumia em expandir sua euforia adolescente, divertindo-se levianamente como uma adolescente (ela casou-se aos 18 anos). No apogeu das experimentações de seus desejos ela chegou, inclusive, a ter um caso extraconjugal com um militar sueco.
Embora tenha sido morta prematuramente aos 38 anos de idade, Maria Antonietta aproveitou o máximo que pode o luxo e a riqueza oferecida pela coroa. O filme deixa claro que a 'bom vivant' austríaca não desperdiçou nada que pudesse lhe trazer mais conforto e satisfação dentro da vida cheia de formalidades e de seu casamento sem amor e feito por conveniência.
Sofia Coppola preferiu narrar a história num formato que mescla uma trilha sonora de músicas clássicas com o rock progressivo. O estilo, embora tente contemporanizar, criando uma identidade com uma platéia jovem, não combina com o visual de época constituído de forma perfeita e ao invés de criar um efeito, o força. Esta, contudo, foi a opção utilizada para lembrar que trata-se de um filme histórico, mas o que se pretende é dar destaque a jovialidade da rainha e à sua alienação quanto ao mundo que lhe cerca. Adicione-se a isso o comportamento padrão de uma adolescente com suas características mais elementares e tem-se o espírito leviano da rainha como o foco e quase único objetivo deste longa.
A senhorita Coppola poderia ter-se aprofundado no estado de necessidade e nas pertubações de Maria Antonieta. Retratada o tempo todo como uma pessoa fútil, um objeto de transação política, e responsável apenas por dar seqüência a uma dinastia. Não é dada a Maria Antonieta outras características marcantes e ao terminarmos de assistir a sensação de que algo mais precisava ser completado é inevitável. A perda dessa substância acaba por tirar do filme Maria Antonieta o poder de grande referência em cinebiografia.
Sofia Coppola conheceu a biografia de Maria Antonieta em 2000, através da historiadora francesa Evelyne Lever. Na época ela adquiriu os direitos de adaptação para o cinema de seu livro, sendo acompanhada pela autora em sua 1ª visita ao Palácio de Versailles, em 2001. Posteriormente Lever trabalhou como consultora técnica do filme, preparando um dossiê sobre a rainha, de forma a evitar erros sobre sua história.
Sofia Coppola se recusou a ler a famosa biografia de Maria Antonieta escrita por Stefan Zweig, por considerá-la rigorosa demais. A diretora preferiu se basear no livro de Antonia Fraser, que faz da rainha um personagem mais humano.
Inicialmente Maria Antonieta seria produzido antes de Encontros e Desencontros (2003), filme anterior de Sofia Coppola. A diretora estava trabalhando no roteiro de Maria Antonieta, mas vinha tendo dificuldades com a pesquisa histórica e a quantidade de personagens. Foi durante este processo que ela concebeu o roteiro de Encontros e Desencontros, cujas filmagens tiveram início antes.
Este é o 2º filme em que a diretora Sofia Coppola e a atriz Kirsten Dunst trabalham juntas. O anterior foi As Virgens Suicidas (1999).
Judy Davis, que interpreta a Condessa de Noailles, esteve inicialmente cotada para a personagem Maria Theresa.
O governo francês concedeu à equipe de filmagens uma permissão especial para que rodasse cenas no Palácio de Versailles.
Apesar do Salão de Espelhos estar em restauração na época das filmagens, a diretora Sofia Coppola conseguiu permissão para rodar no local a cena de baile do casamento entre Maria Antonieta e Luís XVI.
O orçamento de Maria Antonieta foi de US$ 40 milhões. A papel de Luiz XV foi oferecido a Alain Delon. Alega-se que o veterano astro do cinema françês se inflamou ao saber que uma americana se atreveu a fazer algo tão indelicado quanto fazer um filme sobre um fato da história francesa. Quando ele se encontrou com Sofia Coppola, trouxe-lhe um enorme buquê de flores e lhe disse basicamente, em várias palavras, que nunca se submeteria a trabalhar com um americano num filme como este.
Ganhou o Oscar de Melhor Figurino.
Recebeu 3 indicações ao BAFTA, nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino e Melhor Maquiagem.
Título Original: Marie Antoinette.
Gênero: Drama.
Ano: 2006.
País de Produção: EUA.
Duração: 123 min.
Língua: Inglês / Françês.
Cor: Colorido.
Diretor: Sofia Coppola.
Elenco: Kirsten Dunst, Judy Davis, Jason Schwartzman, Rip Torn, Rose Byrne, Asia Argento.
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