REVIEW - OS DEZ MANDAMENTOS (1923)
Cecil B. De Mille foi um dos diretores mais atuantes em Hollywood e responsável pela criação de um estilo único de glamour na direção de filmes épicos. Se o seu nome estivesse inserido nos créditos, se tinha a certeza que os ingredientes luxo e grandiosidade não faltariam à produção. Em 1923 (nove anos após ingressar na direção cinematográfica) comandou a criação de um de seus épicos mais famosos, Os Dez Mandamentos. Refilmado em 1956, Os Dez Mandamentos já se tornaria, naquela época do cinema mudo, uma das maiores bilheterias de seu tempo. Embora mais de 40 minutos do filme da década de 20 tratasse sobre a saga da libertação dos judeus escravos no Egito guiados por Moisés, está montagem do episódio bíblico serviu como uma introdução de luxo, para que a história principal se desencadeasse. Após o recebimento das Tábuas da Lei por Moisés, somos remetidos ao presente como se o episódio sagrado que acabávamos de testemunhar tivesse sido ilustrado na narrativa da religiosa mãe de família Martha MacTavish. Martha é uma árdua seguidora dos mandamentos de Deus e vive inconformada pelo desdém e desrespeito de seu filho mais novo, Dan (Rod La Rocque), para com as ordens sagradas. Acreditando no valor que irradia os mandamentos divinos e também para apoiar a fé irrestrita da mãe idosa, John, o primogênito, é o mediador no conflito entre os dois tentando apaziguar os desentendimentos. Por fim quando Dan resolve deixar o lar para se casar com a moradora de rua Mary (Leatrice Joy), os dois se unem para construirem sua vida de prosperidade contrariando os dizeres definidos pelos Dez Mandamentos tão exaltados pela Srª McTavish. Como num castigo divino pela desobediência a vida do casal começa a desmoronar, dissolvendo a felicidade artificial e criminosa sob a qual foram erguidas as suas riquezas. Figuras lendárias do cinema como a atriz Nita Naldi que faz o papel da amante asiática de Dan Sally Lung e Agnes Ayres numa ponta como exilada. A lição de moral puritana do filme é bem construída em cima de ótimas interpretações e da linha suave que o roteiro vai se desenvolvendo para concluir o seu desfecho sem se macular pelo excesso de ingenuidade. As tomadas iniciais mostrando os cenários caríssimos são um dos deslumbramentos a parte do filme. A exibição do portão egípcio é o grande destaque e continuam tendo um grande impacto mesmo após o advento do som, da fotografia colorida e passados oitenta anos. Um espetáculo visual com a assinatura Cecil B. De Mille de qualidade.
Notas:
O efeito da divisão do Mar Vermelho foi criado colocando-se dois blocos de gelatina azul lado à lado e depois esquentando-os até que eles derretessem. Depois foi só foi rodar o filme no reverso.
O cenário egípcio visto no prólogo do filme era na realidade uma construção enorme sendo, na verdade, consideravelmente maior do que os sets da Babilônia no filme Intolerância de D. W. Griffith ao qual ele é sempre comparado.
Durante um dia de filmagens das cenas do Êxodus cerca de sessenta figurantes se machucaram nas batidas das bigas. A maioria voltou imediatamente para o trabalho logo após receber os curativos.
Contém algumas da primeiras cenas em Technicolor de duas faixas que pode ser vista na cena do Êxodus.
Título Original: The Ten Commandments.
Gênero: Épico / Drama.
Ano: 1923.
País de Produção: EUA.
Duração: 136 min.
Língua: Inglês.
Cor: Preto e Branco.
Diretor: Cecil B. De Mille.
Elenco: Edythe Chapman, Richard Dix, Rod La Rocque, Leatrice Joy, Nita Naldi, Theodore Roberts, Charles de Rochefort, Estelle Taylor, Robert Edeson.
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