Monday, September 11, 2006

REVIEW - NED KELLY



O cinema tem o dom de transformar criminosos declarados em super heróis e justiceiros. Com Ned Kelly a história não é diferente. Esta é uma refilmagem, já que na década de 70 Mick Jagger encarnou a lendária figura que conseguiu fazer com que a coroa britânica tivesse que organizar uma estratégia militar para capturá-lo. Esta cinebiografia percorre os momentos decisivos do que é considerado o mais popular fora-da-lei australiano.
O roteiro aumenta o mito em relação à personagem principal, dando-lhe uma aura de mártir ao justificar seus delitos como sendo a alternativa restante para continuar sobrevivendo. Como imigrante irlandês, ele já tinha um histórico familiar delituoso, pois seu pai, segundo conta, roubara o dinheiro para comprar as passagens da viagem para tentar uma vida nova na Austrália em meados do século XIX. O próprio Ned Kelly já havia amargurado cerca de três anos na prisão por confrontar a polícia Vitoriana e agora, procurado pelas autoridades e acusado de um crime que não cometera resta-lhe apenas entrar de vez para uma vida mais marginalizada que já tinha. Entretanto, à medida que se distanciava das leis ele se aproximava da população carente dividindo o fruto de seus assaltos a bancos com os menos favorecidos ao melhor estilo Robin Hood.
Embora apresente uma vitrine de astros em ascensão da atualidade (Orlando Bloom, Heath Ledger e Naomi Watts), Ned Kelly não consegue sair da classificação de filme assistível e com uma produção e interpretação no máximo aceitáveis.
A grande falha no filme foi a forma como foi desenvolvida a dramatização necessária para fixar a atenção do público. Personagens que deveriam ter uma participação mais acentuada, ou que se espera um melhor acompanhamento durante a trajetória do desenrolar da trama, vão se afastando até desaparecerem por completo. Não entendi o porque de nos fazer íntimo delas se teriam participação quase que meramente ilustrativa. Refiro-me, aqui, às personagens de sua mãe Ellen Kelly (Kris Mcquade) e de sua amante Julia Cook (Naomi Watts). Quanto a Geoffrey Rush sua curta aparição resultou num papel coadjuvante aquém de seu talento e que será facilmente esquecida. Seu trabalho não resultou em nada especial e ele não teve chances para expandir suas possibilidades.
Gregor Jordan não precisava dirigir de uma forma tão metódica, certinha e ditática, pois fazendo isso ele deixou vazar muita sensibilidade. Ele acabou transportando o filme por clichês previsíveis que poderiam ser evitados na intenção de singularizar a obra. Ned Kelly é tão passageiro quanto os seus 110 minutos de projeção. Filme para uma boa sessão da tarde.

Notas:
O Jornal Sydney Morning Herald sugeriu que Heath Ledger foi feito para o papel, pois quando ele experimentou a armadura original de Ned Kelly, a mesma serviu-lhe perfeitamente. Heath Ledger, segundo contam, disse "foi algo sobrenatural, nós tinhamos a mesma altura, o mesmo peso, ele estava magrelo porque não comia, e eu porque não vou para academia".
A cena em que Joe Byrne se veste de mulher é um fato historicamente correto. Ambos, Joe e Steve Hart, eram conhecidos pelos seus hábitos de se travestirem. Embora não fora demonstrado, Joe Byrne era viciado em ópio.
A armadura original de Ned Kelly pode ser vista na Biblioteca Estadual de Vitória, Austrália. A armadura de Joe está nas mãos de um colecionador particular. A Companhia Nacional possue a armadura que se acredita ser de Dan, e a de Steve está nas mãos do Museu de Polícia em Melbourne.
A pré-estréia do filme, que se deu na Austrália, ocorreu há apenas dois blocos de distância de onde Ned Kelly foi enforcado.
A faixa verde, suja de sangue, que foi dado a Ned após ele salvar a vida de um garoto que se afogava encontra-se em exibição em um museu de Benella.
O cantor Irlandês que aparece no filme é Bernard Fanning.





Título Original: Ned Kelly

Gênero: Drama / Ação.

Ano: 2003.

País de origem: Austrália / Reino Unido /França.
Duração: 110 min

Língua: Inglês.

Cor: Colorido.

Diretor: Gregor Jordan.

Elenco: Heath Ledger, Orlando Bloom, Naomi Watts, Geoffrey Rush.

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