Wednesday, September 06, 2006

REVIEW - AS BRUXAS DE SALEM

O episódio histórico do fanatismo religioso que condenou cerca de 20 pessoas à morte por enforcamento numa cidadezinha colonial dos Estados Unidos durante o século XVII, foi idealizado para o teatro, em 1953, pelas mãos do escritor Arthur Miller. Sua obra, The Crucible, acabou tendo sua primeira versão para o cinema em 1957, num filme francês com Yves Montand e Simone Signoret (As Feiticeiras de Salem).
O momento político que os EUA atravessou no período em que Miller escreveu esta peça lhe serviu como inspiração extra. Isto porque a obra foi escrita durante a tumultuada política anti-comunista (também chamada de "caça às bruxas") em vigor nos Estados Unidos. Esta perseguição gerou a formação de uma comissão liderada pelo senador MacCarthy que ficou conhecida, também, como macartismo. A comissão tinha amplos poderes de investigação e atingiu, sobretudo, a classe artística na época.
A nova versão, reformulado a partir do roteiro original, é incisiva quanto aos motivos que levaram à execução sumária de pessoas inocentes no final do século XVII (1692).
Incrementado para dar um atrativo ficcional ao enredo, As Bruxas de Salem extrai o máximo da capacidade de atuação de seu elenco, liderados pelo sempre competente Daniel Day-Lewis e Wynona Rider, protagonistas principais.
Em Salem, interior do estado de Massachussets, algumas crianças e adolecentes começam a ter visões após participarem de um ritual Vudu executado por uma negra escrava. Lideradas pela perversa Abigail Williams (Wynona Rider), elas são obrigadas a reconhecer as suas supostas possessões sob o risco de serem enforcadas, e não sendo o bastante terão também que apontar o nome de outras pessoas da cidade que estariam pactuando com o demônio.
Na transposição para as telas fatos inverídicos foram adicionados. Exemplo disto é que no filme, como na peça, um dos motivos que levou Abigail a indicar falsos adoradores do diabo era que a jovem queria eliminar Elizabeth Proctor (Joan Allen), esposa de John Proctor (Daniel Day-Lewis) por quem ela era apaixonada. Entretanto, na realidade, segundo os registros Abigail tinha ao tempo dos acontecimentos apenas 11 anos e nada é mencionado sobre o seu envolvimento com John Proctor.
O clímax de As Bruxas de Salem se dá de forma fragmentada, sem contudo perder o fôlego. As máculas da própria comunidade é que vão conduzindo o fanatismo religioso, ignorância e crendice, tendo como suporte maior a inveja, a ganância, a vaidade política e a disputa pelo poder.
Um dos pontos interessantes do filme são os ângulos realizados pela câmera em determinadas seqüências onde as ações dramáticas crescem. Exemplo disso é a panorâmica realizada a partir do telhado do templo quando as crianças apontam o demônio.
As Bruxas de Salem desenboca num desfecho de mútiplos questionamentos envolvendo uma trágica fatalidade.

Notas:
Esta é a segunda vez que os atores Daniel Day-Lewis e Wynona Rider trabalham juntos. A primeira foi em A Época da Inocência, de Martin Scorcese (1993).
A obra teatral, de Arthur Miller, ganhou roteiro para o cinema, ainda na década de 50 na França, com o filme Les Sorcières de Salem (As Feiticeiras de Salem, de 1957).
Até os dias de hoje os resgistros dos processos de adoração ao demônio se encotram no Tribunal de Massachussets. Estes processos são conhecidos como o julgamento das Bruxas de Salem.
No século XVII, nos Estados Unidos, poucos punham em dúvida a existência de bruxas e feiticeiras porque uma das máximas daquele tempo é de que "é uma política do Diabo persuadir-nos que não há nenhum Diabo".
As denúncias contra as práticas de magia ganhou proporções enormes levando várias pessoas a serem apontadas como bruxas, em sua maioria as mulheres. As denúncias só cessaram quando figuras eminentes da cidade, tal como a esposa do governador de Massachussets e o pastor Samuel Willard, começaram a ser apontadas como possíveis adoradores do demônio.
Daniel Day-Lewis conheceu sua esposa, Rebecca Miller, filha de Arthur Miller, durante as filmagens de As Bruxas de Salem.
A primeira chamada aberta para o elenco se deu no prédio abandonado onde funcionava o hospital estadual de Danvers em Massachussets, onde a sessão 9 do longa-metragem foi filmada. As audições ocorreram no auditório abandonado do hospital que aparece na sessão 9.
Recebeu 2 indicações ao Oscar, nas seguintes categorias: Melhor Atriz Coadjuvante (Joan Allen) e Melhor Roteiro Adaptado.
Recebeu 2 indicações ao Globo de Ouro, nas seguintes categorias: Melhor Ator Coadjuvante (John Scofield) e Melhor Atriz Coadjuvante (Joan Allen).
Ganhou o BAFTA de Melhor Ator Coadjuvante (Paul Scofield), além de ter sido indicado na categoria de Melhor Roteiro Adaptado.




Título Original: The Crucible.

Gênero: Drama / Suspense.

País de origem: EUA.

Duração: 124 min.

Língua: Inglês.

Cor: Colorido.

Diretor: Nicolas Hytner.

Elenco: Daniel Day-Lewis, Wynona Ryder, Joan Allen, Paul Scofield, Bruce Davison, Rob Campbell, Jeffrey Jones, Charlayne Woodard.

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