REVIEW - AMOR E RESTOS HUMANOS
O diretor Denys Arcand, coqueluche no ano de 2003 graças ao inteligentíssimo Invasões Bárbaras, no início da década de 90 dirigiu um dos filmes precursores de temática forte da realidade que ressurgiram naquele período causando polêmica. Amor e Restos Humanos a princípio pode nos parecer ingênuo por encaixar cada personagem dentro de um esteriótipo estabelecido e fechado, tornando-o previsível e, por vezes, inócuo. Não se pode deixar de se admitir a iniciativa do diretor em abordar temas complexos envolvendo a sexualidade humana em suas mais diferentes vertentes: homossexualidade, Aids, drogas, práticas sado-masoquistas, prostituição etc. O que se vê nas telas é um desfile de posturas que, por amostragem, oferece um cardápio sexual para todos os gostos mesclado com uma filosofia inconformista da estagnação. Seria uma nova crise existencial pós-adolescência onde os conflitos se estabelecem na frustração em todos os aspectos e onde a culpa é exclusivamente de cada indivíduo dotado de liberdade. A forma como cada um irá lidar com seus medos, dúvidas e angústias é o ponto que será explorado no filme.
A produção canadense gira em torno de um grupo de amigos com características distintas: David, ator bastante conhecido que resolve abandonar a carreira e ser garçon por não enxergar mais oportunidades em sua área. Para ele o amor é apenas uma ilusão. Candy, crítica literária que já namorou David e, embora continue apaixonada, não é mais correspondida já que seu amigo anunciou ser gay. Ela sonha com o amor verdadeiro e com uma pessoa que não seja apenas sexualmente intencionada. Bernie, funcionário público civil insatisfeito e que não consegue ter um relacionamento estável com nenhuma das suas namoradas. Benita, amiga de David, que se prostitue com homens que gostam de ter uma dominatrix no controle. Ela é vidente também. Por fim Kane, assistente de David no restaurante, com 17 anos, e que começa a descobrir sua sexualidade, dando vasão aos seus desejos.
Os acontecimentos vão surgindo a partir do momento em que eles interagem com o meio e entre eles mesmos, se posicionando perante cada situação. Os embates acabam criando passagens interessantíssimas que, por vezes, vale uma boa gargalhada e por outras uma boa reflexão. O maior desajuste dentro do filme é falta de experiência de muitos dos atores que vão além de sua capacidade para a interpretar personagens de difícil assimilação. Exceção se faça aqui à atriz Ruth Marshal que parece estar mais a vontade que o restante do elenco.
Durante o filme vamos acompanhando junto com as personagens o desenlace de um serial killer matador de mulheres e que guarda os brincos de suas vítimas como souvenir. É o ingrediente thriller do filme para dar intensidade ao caráter insano da trama ao mesmo tempo que prende a atenção do expectador. Com certeza não é o melhor exemplo de película que trata de problemas inerentes a auto-afirmação de jovens adultos, mas o desenvolvimento é razoamente satisfatório e assistível.
Título original: Love and Human Remains.
Gênero: Drama / Comédia.
Ano: 1993.
País de origem: Canadá.
Duração: 100 min.
Língua: Inglês.
Cor: Colorido.
Diretor: Denys Arcand.
Elenco: Thomas Gibson, Ruth Marshal, Cameron Bancroft, Mia Kirshner, Joanne Vannicola, Matthew Ferguson.
1 Comments:
muito bom post, esta é uma excelente clássico e foi muito bom tempo primerza que a vi. lembranças
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