REVIEW - OS BONS COMPANHEIROS
Não há ninguém melhor do que Martin Scorcesse para contar uma boa história sobre a máfia americana comtemporânea. Em Os Bons Companheiros, o diretor chega no topo da perfeição quando brilhantemente radiografa e documenta de forma espetacular, mesclando um certo toque de humor e crueldade, toda uma rotina e mecanismos que versam sobre a questão, provando porque é especialista no assunto.
Em Os Bons Companheiros (o roteiro é baseado em fatos verídicos), Scorcesse trabalha com seu ator preferido Robert De Niro mas, desta vez, embora o ganhador do Oscar por Touro Indomável (1980) faça um bom trabalho, não é nele que está focado o centro das atenções. Quem ganha espaço no papel principal é Ray Liotta que protagoniza a personagem real Henry Hill. Henry, interpretado por Christopher Serrone quando adolescente, é de família pobre. Descendente de um pai irlandês e de uma mãe italiana, sua família mora num subúrbio nova iorquino dominado pela máfia italiana, a qual ele sonha um dia fazer parte também. Henry não se conforma pela falta de perspectiva e conforto que vive com sua família. Deslumbrado pelo respeito e fortuna usufruido pelos gangsteres, ele é facilmente aliciado pelo grupo de foras-da-lei comandados por Paul 'Paulie' Cícero. Já adulto, inicia sua carreira na vida criminosa: roubo de cargas, extorsão de comerciantes, etc. Ele junta-se à Tommy DeVito (Joe Pesci) e Jimmy Connway (Robert De Niro) e acabam tornando-se os melhores amigos (dai o título Os Bons Companheiros). Quando, por fim, o envolvimento com o tráfico de drogas entra no cardápio de empreendimentos do ganancioso Henry, tais negociações acabam levando-o à sua ruína e ao reverso de sua sorte dentro da 'família'. A melhor performance e a que foi ganhadora do Oscar é a de Joe Pesci como o piscótico-homicida Tommy. A impressão de desajuste é muito forte, ele consegue transmitir uma naturalidade cínica da impunidade que reveste a personagem. Contar uma piada e dar um tiro para ele não existe diferença. Outra boa atuação foi a de Lorraine Bracco como Karen Hill a esposa judia, histérica e influenciável de Henry. Paul Sorvino (pai de Mira Sorvino) também está muito bom como o chefão Paulie. Enquadramentos perfeitos e uma direção de arte atenta e meticulosa na composição dos ambientes que se estendem dos anos 50 até início dos anos 80.
Os Bons Companheiros é praticamente um relato auto-biográfico de Henry e Karen Hill que narram os acontecimentos marcantes que os dois vivenciaram no período que estavam envolvidos com o crime organizado. A técnica de desapego que Scorcesse emprega para ir desvendando o roteiro nos sugere duas perspectivas da situação. Em um determinado momento a trama é vista sob a análise de Henry e em outro momento testemunhamos os acontecimentos sob as impressões de Karen. É como se a trama estivesse sendo contada com um certo distanciamento das personagem que vai discutindo e explicando várias passagens da trama em terceira pessoa.
A violência é explicita, porém muito bem empregada. A gratuidade que se tem em relação às cenas chocantes são diretamente ligadas à banalização que os mafiosos têm contra a própria vida humana. A necessidade de auto-afirmação para estes mafiosos exigem provas constantes de sua virilidade sendo a maioria delas, movidas a assassinatos. Scorcesse consegue fazer uso destes momentos com muita cautela para não trivializar a ação para o público, diminuindo seu efeito. Ele consegue criar mini clímax e só então provoca o desfecho.
Este é um dos melhores filmes de gangsteres de todos os tempos.
Notas:
O nome original de Os Bons Companheiros seria inicialmente Wiseguy, mesmo nome do livro em que o roteiro foi baseado. A troca foi realizada apenas para não causar confusão com O Homem da Máfia, de 1987, cujo título original é exatamente Wiseguy.
Catherine e Charles Scorsese, respectivamente mãe e pai do diretor Martin Scorsese, fazem pequenas pontas no filme. Ela faz o papel da mãe de Joe Pesci, e ele o prisioneiro que põe muita cebola no molho de tomate. Catherine teve sua voz dublada no filme.
O livro Wiseguy, e conseqüentemente Os Bons Companheiros, conta a história real de Henry Hill.
Ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Joe Pesci). Além disto, foi indicado em outras 5 categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Atriz Coadjuvante (Lorraine Bracco) e Melhor Edição.
Recebeu 5 indicações ao Globo de Ouro: Melhor Filme em Drama, Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Melhor Ator Coadjuvante (Joe Pesci) e Melhor Atriz Coadjuvante (Lorraine Bracco).
Ganhou o Leão de Prata, no Festival de Veneza.
Um dos destaques do filme é a trilha sonora brilhante, variando de blues até o punk de Sid Vicious, passando por Rolling Stones, e que dá todo o clima durante o filme, parecendo até um outro personagem da história.
De acordo com a revista Maxim Joe Pesci escreveu e dirigiu a cena "Você acha que sou engraçado?" sob um pedido de Martin Scorcesse.
A tomada que Joe Pesci está atirando na Câmera é um referência visual ao filme O Grande Assalto de Trem, de 1903, que tem como última tomada o vilão interpretado por Justus D. Barnes atirando contra a câmera.
A palavra fuck é usada 246 vezes no filme.
Foi dito na época que o verdadeiro Jimmy Burke ficou tão feliz em saber que De Niro faria seu papel no filme que ligou para ele da prisão para dá-lo algumas dicas para compor melhor a personagem. O autor/roteirista Nicolas Pillegi negou essa informção dizendo que De Niro e Burke nunca se falaram, mas admitiu que existiam pessoas que estavam sempre no set de filmagem que conheciam muito bem todos os principais caracteres. Na cena em que Henry e Karen Hill negociam para que possam entrar no programa de proteção à testemunhas o ex-procurador do estado Edward MacDonald interpreta ele mesmo, refazendo um papel que tinha feito anteriormente.
Jimmy Burke teria sua condicional em 2004, contudo morreu de câncer no pulmão, ainda na prisão, em 1996.
Depois que a mãe de Joe Pesci assistiu Os Bons Companheiros ela disse que o filme era bom, mas perguntou para o filho porque ele tinha que suar tanto.
De acordo com o verdadeiro Henry Hill, cuja vida foi a base para o livro e o filme, a apresentação de Joe Pesci para a personagem Tommy DeVitto foi de 90 à 99 por cento correta apenas com uma notável exceção: o verdadeiro Tommy DeVitto era grande, alto e encorpado dirente do pequenino tamanho de Joe Pesci.
Quando Paulie se encontra com Henry após este deixar a prisão, Paul Sorvino improvisa um tapa no rosto de Ray Liotta. Daí a reação amuada de Liotta na cena.
A pedido de Scorcese, pessoas que conheciam os personagens na vida real estavam sempre presente no set das filmagens dando dicas e informações essenciais sobre a vida, costumes e hábitos das personagens.
Ray Liotta passou muito tempo com o verdadeiro Henry Hill alguns meses antes das filmagens se iniciarem para ter uma idéia exata de como interpretá-lo. Depois que o filme foi lançado Hill afirmou em entrevistas que muitos mafiosos o perguntaram como consegueriam ter suas histórias contatadas da forma como a dele foi no filme. Aparentemente eles viram e gostaram do filme.
Ray Liotta escutava gravações feitas pelo FBI das conversas grampeadas de Henry Hill enquanto ia e voltava do set.
A cena do jantar na casa da mãe de Tommy foi quase que totalmente improvisada pelos atores, incluindo quando Tommy pergunta a sua mãe se ele pode pegar emprestado o facão e a desculpa dada por Jimmy para o motivo do empréstimo.
Martin Scorcese queria que William L. Petersen trabalhasse no filme mas este recusou.
Votado o número um como o melhor filme de todos os tempos pela Total Magazine em novembro de 2005.
No documentário intitulado O Verdadeiro Bom Companheiro, de 2006, que foi ao ar no Reino Unido, Henry Hill afirmou que Robert De Niro telefonava de sete a oito vezes ao dia para discutir certas coisas sobre as características de Jimmy. Eram perguntas triviais como, por exemplo, Jimmy seguraria seu cigarro.
Durante uma das cenas em que seu personagem é morto por Joe Pesci, Mark Imperioli quebra um copo de vidro nas mãos e é levado com urgência a um hospital. Quando os médicos viram o que parecia ser um ferimento de tiro em seu peito, eles tentaram tratá-lo. Quando Imperioli os disse do que realmente se tratava, já tinha se passado três horas de explicação. Na época Scorcese disse que um dia Imperioli contaria esta história no programa Tonight Show com Jay Leno. A profecia do diretor se realizou em 2000.
Gênero: Policial.
Duração: 145 min.
Língua: Inglês.
Cor: Colorido.
Diretor: Martin Scorcese.
Elenco: Ray Liotta, Robert De Niro, Joe Pesci, Paul Sorvino, Larraine Bracco, Catherine Scorcese, Michael Imperioli, Christopher Serrone.
Em Os Bons Companheiros (o roteiro é baseado em fatos verídicos), Scorcesse trabalha com seu ator preferido Robert De Niro mas, desta vez, embora o ganhador do Oscar por Touro Indomável (1980) faça um bom trabalho, não é nele que está focado o centro das atenções. Quem ganha espaço no papel principal é Ray Liotta que protagoniza a personagem real Henry Hill. Henry, interpretado por Christopher Serrone quando adolescente, é de família pobre. Descendente de um pai irlandês e de uma mãe italiana, sua família mora num subúrbio nova iorquino dominado pela máfia italiana, a qual ele sonha um dia fazer parte também. Henry não se conforma pela falta de perspectiva e conforto que vive com sua família. Deslumbrado pelo respeito e fortuna usufruido pelos gangsteres, ele é facilmente aliciado pelo grupo de foras-da-lei comandados por Paul 'Paulie' Cícero. Já adulto, inicia sua carreira na vida criminosa: roubo de cargas, extorsão de comerciantes, etc. Ele junta-se à Tommy DeVito (Joe Pesci) e Jimmy Connway (Robert De Niro) e acabam tornando-se os melhores amigos (dai o título Os Bons Companheiros). Quando, por fim, o envolvimento com o tráfico de drogas entra no cardápio de empreendimentos do ganancioso Henry, tais negociações acabam levando-o à sua ruína e ao reverso de sua sorte dentro da 'família'. A melhor performance e a que foi ganhadora do Oscar é a de Joe Pesci como o piscótico-homicida Tommy. A impressão de desajuste é muito forte, ele consegue transmitir uma naturalidade cínica da impunidade que reveste a personagem. Contar uma piada e dar um tiro para ele não existe diferença. Outra boa atuação foi a de Lorraine Bracco como Karen Hill a esposa judia, histérica e influenciável de Henry. Paul Sorvino (pai de Mira Sorvino) também está muito bom como o chefão Paulie. Enquadramentos perfeitos e uma direção de arte atenta e meticulosa na composição dos ambientes que se estendem dos anos 50 até início dos anos 80.
Os Bons Companheiros é praticamente um relato auto-biográfico de Henry e Karen Hill que narram os acontecimentos marcantes que os dois vivenciaram no período que estavam envolvidos com o crime organizado. A técnica de desapego que Scorcesse emprega para ir desvendando o roteiro nos sugere duas perspectivas da situação. Em um determinado momento a trama é vista sob a análise de Henry e em outro momento testemunhamos os acontecimentos sob as impressões de Karen. É como se a trama estivesse sendo contada com um certo distanciamento das personagem que vai discutindo e explicando várias passagens da trama em terceira pessoa.
A violência é explicita, porém muito bem empregada. A gratuidade que se tem em relação às cenas chocantes são diretamente ligadas à banalização que os mafiosos têm contra a própria vida humana. A necessidade de auto-afirmação para estes mafiosos exigem provas constantes de sua virilidade sendo a maioria delas, movidas a assassinatos. Scorcesse consegue fazer uso destes momentos com muita cautela para não trivializar a ação para o público, diminuindo seu efeito. Ele consegue criar mini clímax e só então provoca o desfecho.
Este é um dos melhores filmes de gangsteres de todos os tempos.
Notas:
O nome original de Os Bons Companheiros seria inicialmente Wiseguy, mesmo nome do livro em que o roteiro foi baseado. A troca foi realizada apenas para não causar confusão com O Homem da Máfia, de 1987, cujo título original é exatamente Wiseguy.
Catherine e Charles Scorsese, respectivamente mãe e pai do diretor Martin Scorsese, fazem pequenas pontas no filme. Ela faz o papel da mãe de Joe Pesci, e ele o prisioneiro que põe muita cebola no molho de tomate. Catherine teve sua voz dublada no filme.
O livro Wiseguy, e conseqüentemente Os Bons Companheiros, conta a história real de Henry Hill.
Ganhou o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante (Joe Pesci). Além disto, foi indicado em outras 5 categorias: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Atriz Coadjuvante (Lorraine Bracco) e Melhor Edição.
Recebeu 5 indicações ao Globo de Ouro: Melhor Filme em Drama, Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Melhor Ator Coadjuvante (Joe Pesci) e Melhor Atriz Coadjuvante (Lorraine Bracco).
Ganhou o Leão de Prata, no Festival de Veneza.
Um dos destaques do filme é a trilha sonora brilhante, variando de blues até o punk de Sid Vicious, passando por Rolling Stones, e que dá todo o clima durante o filme, parecendo até um outro personagem da história.
De acordo com a revista Maxim Joe Pesci escreveu e dirigiu a cena "Você acha que sou engraçado?" sob um pedido de Martin Scorcesse.
A tomada que Joe Pesci está atirando na Câmera é um referência visual ao filme O Grande Assalto de Trem, de 1903, que tem como última tomada o vilão interpretado por Justus D. Barnes atirando contra a câmera.
A palavra fuck é usada 246 vezes no filme.
Foi dito na época que o verdadeiro Jimmy Burke ficou tão feliz em saber que De Niro faria seu papel no filme que ligou para ele da prisão para dá-lo algumas dicas para compor melhor a personagem. O autor/roteirista Nicolas Pillegi negou essa informção dizendo que De Niro e Burke nunca se falaram, mas admitiu que existiam pessoas que estavam sempre no set de filmagem que conheciam muito bem todos os principais caracteres. Na cena em que Henry e Karen Hill negociam para que possam entrar no programa de proteção à testemunhas o ex-procurador do estado Edward MacDonald interpreta ele mesmo, refazendo um papel que tinha feito anteriormente.
Jimmy Burke teria sua condicional em 2004, contudo morreu de câncer no pulmão, ainda na prisão, em 1996.
Depois que a mãe de Joe Pesci assistiu Os Bons Companheiros ela disse que o filme era bom, mas perguntou para o filho porque ele tinha que suar tanto.
De acordo com o verdadeiro Henry Hill, cuja vida foi a base para o livro e o filme, a apresentação de Joe Pesci para a personagem Tommy DeVitto foi de 90 à 99 por cento correta apenas com uma notável exceção: o verdadeiro Tommy DeVitto era grande, alto e encorpado dirente do pequenino tamanho de Joe Pesci.
Quando Paulie se encontra com Henry após este deixar a prisão, Paul Sorvino improvisa um tapa no rosto de Ray Liotta. Daí a reação amuada de Liotta na cena.
A pedido de Scorcese, pessoas que conheciam os personagens na vida real estavam sempre presente no set das filmagens dando dicas e informações essenciais sobre a vida, costumes e hábitos das personagens.
Ray Liotta passou muito tempo com o verdadeiro Henry Hill alguns meses antes das filmagens se iniciarem para ter uma idéia exata de como interpretá-lo. Depois que o filme foi lançado Hill afirmou em entrevistas que muitos mafiosos o perguntaram como consegueriam ter suas histórias contatadas da forma como a dele foi no filme. Aparentemente eles viram e gostaram do filme.
Ray Liotta escutava gravações feitas pelo FBI das conversas grampeadas de Henry Hill enquanto ia e voltava do set.
A cena do jantar na casa da mãe de Tommy foi quase que totalmente improvisada pelos atores, incluindo quando Tommy pergunta a sua mãe se ele pode pegar emprestado o facão e a desculpa dada por Jimmy para o motivo do empréstimo.
Martin Scorcese queria que William L. Petersen trabalhasse no filme mas este recusou.
Votado o número um como o melhor filme de todos os tempos pela Total Magazine em novembro de 2005.
No documentário intitulado O Verdadeiro Bom Companheiro, de 2006, que foi ao ar no Reino Unido, Henry Hill afirmou que Robert De Niro telefonava de sete a oito vezes ao dia para discutir certas coisas sobre as características de Jimmy. Eram perguntas triviais como, por exemplo, Jimmy seguraria seu cigarro.
Durante uma das cenas em que seu personagem é morto por Joe Pesci, Mark Imperioli quebra um copo de vidro nas mãos e é levado com urgência a um hospital. Quando os médicos viram o que parecia ser um ferimento de tiro em seu peito, eles tentaram tratá-lo. Quando Imperioli os disse do que realmente se tratava, já tinha se passado três horas de explicação. Na época Scorcese disse que um dia Imperioli contaria esta história no programa Tonight Show com Jay Leno. A profecia do diretor se realizou em 2000.
Título Original: The Goodfellas.
Gênero: Policial.
Ano: 1990.
País de Origem: EUA.
Duração: 145 min.
Língua: Inglês.
Cor: Colorido.
Diretor: Martin Scorcese.
Elenco: Ray Liotta, Robert De Niro, Joe Pesci, Paul Sorvino, Larraine Bracco, Catherine Scorcese, Michael Imperioli, Christopher Serrone.
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