EM EXIBIÇÃO - ANJOS DA VIDA, MAIS BRAVOS QUE O MAR

Não tem jeito. Ainda sobre a sombra de devastação deixada pelo furacão Katrina que devastou New Orleans em 2005, surge o papel perfeito para Kevin Costner que homenageia uma corporação institucional dos Estados Unidos: a guarda costeira americana. Kevin, realmente, não consegue se livrar das personagens altruístas e ufânicas (com nuances de canastrice e bossalidade) que o mesmo cultivou desde o início de sua carreira. Em Anjos da Vida - Mais Bravos que o Mar ele tenta passar a coroa de patriótico bom moço para o relativamente novo astro Ashton Kutcher que parece, pelo que se vê no filme, não ter muito um perfil - leia-se carisma - para desempenhar personagens que requeiram impetuosidade/virilidade. Talvez sua interpretação não tenha chegado a níveis que ultrapassem as comédias românticas (embora seu trabalho em Efeito Borboleta, de 2004, cujo roteiro ajudou bastante, foi talvez o melhor de sua carreira).
Ben Randall é um veterano mergulhador da guarda-costeira norte-americana. Após um acidente, numa tentativa de resgate em mar aberto, em que toda a sua equipe morre, ele se vê obrigado a fazer uma escolha: se aposentar ou assumir o cargo de instrutor na escola preparatória para formação de salva-vidas da instituição. Para não se afastar do ofício o qual ele se dedicou por anos e foi responsável pelo fim de seu casamento, Randall irá dedicar-se à sua nova função como professor ao mesmo tempo que terá que superar os traumas psicológicos advindos da tragédia da perda de seus amigos. Na Academia, ele implanta uma nova metodologia que causa estranheza aos professores antigos, mas que acaba sendo aceita. Ele conhece o aluno Jake 'Gold' Fischer que já se apresenta qualificado para quebrar todos os recordes do mítico Ben Randall e se tornar destaque, assim como fez no período em que competia como nadador colegial.
O choque de egos e a disputa latente entre o mestre e o aprendiz resulta em situções engraçadas e constitui, na verdade, as melhores partes de Anjos da Vida - Mais Bravos que o Mar. Isso ocorre pelo fato de ambos serem mais parecidos do que imaginam e terem vivido dramas semelhantes em suas vidas. Randall acredita no potencial de Fischer e o vai lapidando para salientar sua capacidade. Entre eles acaba se estabelecendo um forte vínculo de amizade. O apelo transcedente, utilizado para ser o elemento surpresa no clímax final, não constitui surpresa alguma, mas não estraga o filme, mesmo com a previsibilidade dos fatos.
Difícil classificar o filme como comédia, drama, ação ou romance haja vista que existem elementos fortes e indicativos de todas esses gêneros. Levando em conta a sua moral, podemos classificá-lo como um drama-romântico regado com toques de ação e comédia enlatado para conseguir boas bilheterias.

Notas:
Devido à série de furacões que afetou o sul dos Estados Unidos em 2005 a produção foi transferida para a cidade de Shreveport, em Louisiana.
Os produtores contrataram uma equipe local para construir uma piscina de ondas compacta, que foi usada durante as filmagens.
Cerca de 27 toneladas de gelo foram usadas nos sets de filmagens para rodar as cenas passadas no Alasca dentro da história do filme.
Um dos recrutas da Escola de Elite é Mark Gangloff, medalha de ouro nas Olimpíadas de Atenas.
São exibidas cenas de acidentes verídicos, que foram fornecidas aos produtores pela Marinha da Inglaterra e a Agência de Guarda Costeira, durante as cenas de treino na Escola de Elite.
O oficial Flyth, que pode ser visto em várias cenas durante o filme, foi um dos cinco primeiros nadadores das operações de resgate da guarda costeira norte-americana. Ele foi graduado em 1984 e iniciou suas atividades na base da cidade de Elizabeth em 1985.

Título Original: The Guardian.

Gênero: Drama.

Ano: 2006.

País de Origem: EUA.

Duração: 136 min.

Língua: Inglês.

Cor: Colorido.

Diretor: Andrew Davis.

Elenco: Kevin Costner, Ashton Kutcher, Sela Ward, Melissa Sagemiller, Clancy Brown, Omari Hardwick, Alex Daniels.