REVIEW - A PEQUENA SEREIA

Part of Your World, Under the Sea e Kiss the Girl são três das principais músicas que formam uma das melhores trilhas sonoras de mais um clássico inesquecível dos estúdios Disney: A Pequena Sereia.
Ariel é a filha mais nova do poderoso Tritão, o senhor dos mares. Ela contraria as expectativas de seu pai pois o que ela mais deseja é conhecer o mundo da superfície o que é proibido para todas a sereias já que os homens são considerados criaturas perversas e perigosas.
Colecionadora ávida de todos os objetos que encontra no oceano provindos das embarcações afundadas, ela mantém todos os seus achados numa caverna aquática que funciona como o seu santuário. O seu destino mudará para sempre quando ela salva a vida do príncipe Eric, depois que o navio dele naufraga. Eles se apaixonam instantaneamente um pelo outro. Sem apoio do pai, que condena decisavamente a aproximação entre humanos e os habitantes de seu reino, ela é seduzida pela oferta da bruxa do mar, Úrsula (uma das mais sinistras vilãs já criadas pela Disney) que lhe dará pernas, mas em troca aprisionará a sua voz. Para adicionar mais maldade ainda, Úrsula alerta Ariel que se ao final do terceiro dia o príncipe não lhe der um beijo de amor verdadeiro ela será sua prisioneira para sempre. O objetivo de Úrsula, no entanto, é subjulgar o rei Tritão e, para isso, manipulará os acontecimentos para que execute o plano contra quem realmente lhe interessa.
A Pequena Sereia é um filme com características únicas e por isso será perpetuado por todas as gerações. O desenho utiliza todo o perfeccionismo da animação Disney explorando ao máximo uma de suas marcas registradas, que é a movimentação suave e próxima à realidade das suas personagens, acrescentando um beleza visual encantadora. As personagens coadjuvantes Sebastian, o caranguejo; Linguado, o peixe e até.

Notas:
Este desenho musicado é o último filme que a Disney elaborou sem utilização de nenhum recurso computadorizado, isto é, fora produzido inteiramente com a técnica tradicional com pintura à mão e movimentação quadro a quadro em cima do fundo fixo. Cerca de pouco mais de um milhão de desenhos foram feitos no total.
A Pequena Sereia foi a última animação da Disney a ser feita com desenho à mão. Em sua confecção foram utilizadas mais de 1000 cores diferentes e mais de um milhão de desenhos, representando as mais diversas cenas do filme.
A cena de dois minutos que mostra a tempestade levou mais de um ano para ser concluída, sendo necessário que 10 artistas de efeitos especiais trabalhassem nela durante este período.
Ganhou 2 Oscars, nas seguintes categorias: Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original (Under the Sea). Recebeu ainda outra indicação na categoria de Melhor Canção Original, pela música Kiss the Girl.
Ganhou 2 Globos de Ouro nas seguintes categorias: Melhor Trilha Sonora e Melhor Canção Original (Under the Sea). Recebeu ainda outras duas indicações, nas categorias de Melhor Filme - Comédia/Musical e Melhor Canção Original (Kiss the Girl).
Ganhou o Grammy na categoria de Melhor Canção Composta Para um Filme (Under the Sea).
A cena em que Ariel desce as escadas do interior do castelo foi a única cena feita no filme com o auxílio de computação. Mas a única função exercida pela tecnologia foi pintar os desenhos digitalmente, contudo, todo o resto do filme foi feito da forma tradicional com o preenchimento com cores das células manualmente.
Os artistas da Disney já haviam pensado em filmar a história da pequena sereia no final dos anos 30. O ilustrador Kay Nielson chegou à até mesmo preparar esboços em cores feitos com tinta guache. Quase sessenta anos depois os desenhos de Nielsen serviram de inspiração para a produção de A Pequena Sereia, de 1989. Nielsen recebeu o crédito de desenvolvimento visual no filme que foi feito.
Sherri Stonne foi a modelo para Ariel.
Atores e atrizes serviram como uma referência para os animadores. Sherri Stonne representava as cenas chaves de Ariel no filme. Nem todos os animadores da Disney aprovavam a utilização de composião de cenas reais para o filme. Glen Keane disse em uma entrevista para o Orange County Register que um dos artistas da Disney preferiu sair do projeto a ter que trabalhar utilizando referências das encenações com modelo.
Este foi o filme que teve os mais pesados efeitos especiais desde Fantasia, de 1940.

Os diretores do filme exigiram que cada uma das bolhas que aparecem no filme fossem desenhadas e não xerocadas. Para conseguir o resultado foram necessários utilizar todo o esforço humano possível e para isso a Disney teve que contratar uma empresa com sede na China chamada de Pacific Rim Productions para auxiliar nesta tarefa.
O movimento estudantil que eclodiu na China, na época, ameaçou atrasar a produção. Menos de um terço das células que deveriam ser preenchidas com as bolhas foram completadas e os artistas chineses ficaram impedidos de chegar ao local de trabalho, pois apenas algumas quadras de distância (na praça Tienamin) manifestantes protestavam fato que teve como seqüência vários atos de violência.
Os artistas fizeram uma tentativa de utilizar a famosa câmera de multi-planos da Disney pela primeira vez em vários anos, para dar uma qualidade mais intensa à animação. Contudo o equipamento acabou falhando, um monstro devido ao seu enorme tamanho, pois estava em condições precárias de conservação. As tomadas de multi-ângulo foram então levadas para serem realizadas em outro estúdio.
Na cena de abertura quando o rei Tritão chega trazido pela sua carruagem, pode ser visto ao fundo como expectadores do evento Mickey, Pato Donald e Pateta.
O filme marca o retorno da Disney após dez anos de decadência comercial que foi catalizado com o fracasso de O Buraco Negro (1979).
A história A Pequena Sereia, de Hans Christian, seria utilizada por Disney para fazer parte do seu conjunto de curtas chamado Sinfonias Ingênuas. Contudo, outra história de sua autoria tomou o lugar: O Patinho Feio (1939).
A personagem de Úrsula foi baseada no travesti Divine, amigo do diretor John Waters (Hairspray).
Quando Ben Wright ficou com a parte de Grimsby, o tutor do príncipe Eric, os companheiros de trabalho da Disney não desconfiavam que wright tivesse emprestado sua voz para o personagem Roger em Os 101 Dálmatas (1961).
O último filme Disney a utilizar o método xerográfico, inventado por Ub Iwerkes e que vem sendo usado desde Os 101 Dálmatas.
O primeiro filme Disney a receber um prêmio Oscar desde Se Minha Cama Voasse, de 1971.
Alguns dos panos de fundo utilizado na seqüência Kiss the Girl foram extraídos de Bernardo e Bianca (1977).
O carangueijo Sebastian originalmente teria o seu sotaque inspirado no inglês britânico. O compositor Howard Ashmen sugeriu um sotaque Jamaicano e foi assim que ficou.
O time de compositores da Disney, Howard Ashmen e Alan Mencken foram trazidos aos estúdio e apresentados a Jeffrey Katzenberg pelo seu futuro sócio da Dreamworks, David Geffen que estava produzindo o espetáculo da off-Broadway A Pequena Loja dos Horrores.
O cabelo de Ariel foi feito vermelho para distinguir do louro de Daryl Hannah em Splash - Uma Sereia em Minha Vida (1984).
Part of Your World foi quase cortada da versão final do filme, pois Jeffrey Katzemberg achava ela chata e depois de uma exibição para crianças achou que a música estava muito adulta gerando desinteresse na platéia infantil que ficava inquieta.
Uma cena cortada explica que Úrsula é tia de Ariel e irmã do rei Tritão.
A tomada de Ariel tentando direcionara-se à superfície na saída da sua caverna foi a última a ser completada e a que levou mais tempo. Foram necessárias quatro tentativas para se conseguir o efeito ótico desejado.
No começo de Kiss the Girl (Beije a Garota), as plantas que dançam ao vento foram retiradas do curta O Velho Moinho, de 1937.
Pouco tempo após a nova gerência ter assumido os Estúdios Disney em 1984, vinte membros do Departamento de Animação foram reunidos para um encontro com Michael Eisner (então chairman da companhia), Jeffrey Katzemberg (então presidente da Disney Animation) e Roy Disney. Para cada um foi dada a tarefa de surgir com três idéias para um filme animado. Ron Clements havia pesquisado em uma livraria e encontrou uma coleção de histórias de Hans Christian Andersen. Sua sugestão de A Pequena Sereia gerou imediato entusiasmo. O assunto foi acolhido pelos animadores – finalmente ele estariam livres das limitações da gravidade, pois seus personagens poderiam nadar e mergulhar na água. O ambiente submarino parecia convidativo, com castelos e naufrágios e uma inteira civilização submarina.
O animador Glen Keane, na época conhecido pela sua animação de vilões “pesados” como o Urso de O Cão e a Raposa (1981), e Ratagão de As Peripécias de um Ratinho Detetive (1986), originalmente havia sido chamado pelos diretores John Musker e Ron Clements para supervisionar a animação da vilã Úrsula. Para a surpresa dos diretores, Keane protestou dizendo que queria animar Ariel. “Você sabe desenhar garotas bonitas?” eles perguntaram. Ariel acabou sendo a primeira heroína do currículo de Kane, que viria incluir Pocahontas e outros protagonistas como Aladdin e Tarzan.
Para ajudar na criação dos movimentos de Ariel, os animadores da personagem usaram como modelo real a atriz/escritora Sherri Stoner. Stoner atuou diversas cenas do filme submergida em um grande tanque. Ela voltaria a fazer a mesma função para a Disney alguns anos depois, servindo de referência para a personagem Bela, de A Bela e a Fera (1991). Apesar da prática de usar modelos reais como inspiração ser comum desde os tempos de Branca de Neve e os Sete Anões (1937), nem todos animadores aprovavam o procedimento. Glen Keane, supervisor de animação de Ariel, disse em uma entrevista que um animador preferiu largar o projeto ao trabalhar com referências live-action.
Nos estágios iniciais da produção, um enorme aquário foi movido para o prédio da animação onde os animadores freqüentemente se reuniam para desenhar e estudar os diferentes tipos de peixe. Fotos de pesquisa da National Geographic e livros de referência eram colados nas paredes dos escritórios dos animadores.
Um dos personagens cortados do filme foi Clarence, uma tartaruga que seria professor de música de Ariel.
Grande cuidado foi tomado com o uso de cores no filme, especialmente com a compensação de tons de pele e cores de cabelo nos diferentes ambientes e fontes de luz. Houveram 32 modelos de cor criados apenas para Ariel e suas inúmeras trocas de roupa (de cauda de sereia ao vestido maltrapilho, como também o vestido de casamento). O laboratório de tintas da Disney até inventou uma nova cor apropriadamente chamada “Ariel” para a tonalidade verde-azul de sua cauda.
Um rumor espalhado nos anos 90 é que o padre rezando a missa de casamento de Eric e Vanessa (Úrsula disfarçada) está tendo uma ereção durante a cena. Na verdade, o que está se movendo sob a túnica do padre são seus joelhos, como é possível comprovar em um dos planos seguintes. Ainda assim, isso não impediu moralistas furiosos de protestarem abertamente (e ao menos um processo foi movido contra o estúdio).
A mistura de humor, música e clássica narrativa de A Pequena Sereia atraiu o público como nenhum filme de animação Disney havia em muito tempo. O filme lucrou $84 milhões nas bilheterias norte-americanas em 1989, se tornando a maior bilheteria para um filme de animação em seu lançamento original (em valores não ajustados pela inflação). O animado foi responsável pelo renascimento de dois gêneros que haviam perdido sua força nos últimos anos: o filme de animação e o musical. Ajudado pelos sucessos anteriores de Oliver & sua Turma (1988) e Uma Cilada para Roger Rabbit (1988), A Pequena Sereia devolveu o brilho da animação Disney perante aos olhos do público, cujo interesse no estúdio havia caído drasticamente durante os anos 70 e 80. O sucesso do filme abriu as portas para outros sucessos ainda maiores, como A Bela e a Fera, Aladdin (1992) e O Rei Leão (1994).
A popularidade de A Pequena Sereia com o público refletiu na explosão da venda de merchandising que se seguiu após o lançamento do filme. O sucesso do filme pegou a Disney e os distribuidores dos produtos de surpresa, pois há anos não se via tanto interesse em personagens novos criados pelo estúdio.
Apesar dos protestos de alguns dos artistas que trabalharam no filme original, A Pequena Sereia foi um dos primeiros longas-metragens da Disney a inspirar sua própria série animada em 1992, um prática que viria a se tornar comum nos próximos anos. Com 31 episódios, a série se passava antes dos acontecimentos do filme e contava as aventuras de Ariel no fundo do mar antes de se tornar humana. Em 2000, A Pequena Sereia ganhou uma continuação de baixo orçamento lançada diretamente para o vídeo, chamada A Pequena Sereia II: O Retorno para o Mar. Criticado pela animação abaixo da média e pelo roteiro reciclado do primeiro filme, a seqüência conta a história de Melody, a filha adolescente de Ariel que sonha em se tornar uma sereia. Tanto a série quanto a continuação contaram com o retorno de uma boa parte do elenco original, como Jodi Benson (Ariel), Samuel E. Wright (Sebastião) e Pat Carrol (Úrsula no original e no seriado, e a irmã Morgana na seqüência). Uma segunda continuação deve ser lançada em vídeo em 2007.
Durante o filme há diversas cenas de Ariel sentada em uma pedra, em uma pose semelhante à da estátua da Pequena Sereia situada no porto de Copenhagen.
Originalmente, Sebastião teria um sotaque britânico. Foram os compositores Howard Ashman e Alan Menken que sugeriram que ele fosse jamaicano. Isto abriu a porta para números com estilo calipso como Under the Sea. Também foi idéia deles que Ariel expressasse suas esperanças e sonhos em uma canção no início, uma influência obviamente vinda da Broadway. “Em quase todo musical já escrito,” Ashman explicou, “há um lugar geralmente no início de cada show onde a personagem principal senta em alguma coisa e conta sobre o que ela mais quer na vida. Nós pegamos emprestado essa clássica regra da construção de um musical da Broadway para a música Part of Your World. Por Jodi Benson (a voz de Ariel) ser uma atriz que canta, ela foi capaz de demonstrar uma imensa quantidade de alma e especificidade em sua performance”. De fato, Benson foi apenas a primeira de muitos artistas da Broadway que iriam emprestar suas habilidades vocais para essa nova geração de musicais Disney.

Este é o 28º Clássico da Disney.

Título Original: The Little Mermaid.

Gênero: Animação.

Ano: 1989.

País de Origem: EUA.

Duração: 83 min.

Língua: Inglês.

Cor: Colorido.

Diretor: Ron Clements / John Musker.

Elenco (vozes da animação original): Rene Auberjonois, Christopher Daniel Barnes, Jodi Benson, Pat Caroll, Paddi Edwards, Buddy Hackett, Jason Marin, Kenneth Mars, Ben Wright, Samuel E. Wright, Edie MacClurg.