Saturday, November 25, 2006

REVIEW - CAMILLE CLAUDEL

A cinebiografia da vida da escultora francesa Camille Claudel foi a base para o filme homônimo ganhador de vários prêmios internacionais. Camille Claudel se tornou uma das mais belas adaptações sobre personalidades já feitas para as telas.
Tendo no papel título a atriz Isabelle Adjani, o drama e a paixão da amante de Rodin evidencia a tenuosidade entre a paixão e a arte num universo de sentimentos angustiantes e apreensivos. A força dos sentimentos que nos invoca ao assistir este memorável filme tem a força de uma tormenta dirigida de forma poeticamente sensível por Bruno Nuytten. A devastação suscetível pelo corpo e mente desta mulher consumida pelo amor e devoção ao eminente Rodin, são capazes de dotá-la com uma inspiração mágica na composição de suas obras, ao mesmo tempo que desestrutura o seu equilíbrio emocional cultivando um sentimento de autodestruição que determinará a sua vida. O reconhecimento pleno e o estrelato só vieram anos mais tarde com a valorização de suas obras nos anos após a sua morte. Nos anos que lhe foram comtemporâneos apenas o ostracismo e a marginalidade lhe foram familiares.
No final do século XIX surge na cena cultural francesa uma das Artistas Plásticas mais brilhantes de todos os tempos: Camille Claudel. Capaz de produzir obras magistrais com argila, gesso e mármore ela detinha a técnica das sensações. Seu estado de espírito e suas mãos mágicas é que eram os comandantes e que lhe moviam a desenvolver o seu brilhantismo em cima de materiais tão diversos. Preferida de seu pai, que percebe o seu talento para as esculturas, este incentiva sua produção com a certeza que ela será famosa e reconhecida pelos seus trabalhos. O irmão de Camille, Paul Claudel é uma de suas fontes de segurança e sua base emocional. Já a sua mãe é revoltada contra os 'mimos' e atenções que ela recebe pelo restante da família, onde se pode ver um nexo de ciúme e de frustração pelo que esperava ser a sua única filha (nesta época havia forte preconceito pelo ingresso de mulheres no mundo artístico, considerada mundana as que se desviavam de sua 'vocação natural' para esposa, mãe e dona-de-casa).
A vontade de desenvolver seu talento e expandir necessitava que ela tivesse um mestre já de renome, e para esta tarefa é escolhido o maior de todos, Rodin. Aceita como aprendiz do mulherengo artesão, ela acaba por sucumbir ao seu charme, tornando-se por anos sua amante. O romance entre Camille e Rodin se tornou público e foi alvo de escândalos na época, já que ele, embora não fosse casado legalmente, vivia com seu filho e concubina. Quando resolve dar um basta nesta relação corrompida, onde Rodin sente-se inseguro para romper seu relacionamento e se dedicar inteiramente à Camille, esta resolve quebrar todos os vínculos com seu famoso mestre e dedicar-se apenas à sua carreira. A ausência de Rodin em sua vida, contudo, lacera a sua alma de uma forma que a paranóia e o histerismo tomam conta de sua vida lhe reservando um final degradante para um nome que hoje detém toda a excelência na área em que se tornou idolatrada.
As imagens montadas por Nuytten para retratar o ambiente de Camille na época são muito bem desenvolvidas. Os figurinos e a Direção de Arte foram exploradas da melhor forma e compõe um espetáculo sútil frente à trama. Embora possa parecer lento na narrativa, Camille Claudel vai preparando o expectador para os acontecimentos previsíveis e lamentáveis que vão ocorrendo. Neste roteiro, concebido também com a participação de Nuytten, Rodin não sofre julgamento pelos seus atos. Ele é apenas retratado de uma forma humana, real e coerente na situação em que se encontra inserido. Destaque também para a atução de Gérard Derpadieu. O filme teve a escolha da atriz perfeita para o papel: Isabelle Adjani. Sua face de mármore e seu semblante de menina indefesa e perdida em sua convicção agnóstica da vida, deu alma à personagem Camille Claudel de forma confiável e insubstituível.


Camille Claudel

(Fères-en-Tardenois, 1864 - Villeneuve-lès-Avignon, 1943)

Título Original: Camille Claudel.

Gênero: Drama.

Ano: 1988.

País de Origem: França.

Duração: 175 min.

Língua: Françês.

Cor: Colorido.

Diretor: Bruno Nuytten.

Elenco: Isabelle Adjani, Gérard Depardieu, Laurent Grévill, Alain Cuny, Madeleine Robinson, Katrine Boorman, Danièle Lebrun, Aurelle Doazan, Madeleine Marie, Maxime Leroux .

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