Sunday, April 29, 2007

REVIEW - BABEL

Em lugares distintos do mundo, situações de conflitos estão interligadas de alguma forma como o resultado da globalização. Uma única ação pode repercurtir desencandeando um efeito em cadeia imprevisível. Babel vem para mostrar este mundo conectado por reações e acontecimentos paralelos e simultâneos. Quatro histórias interdependentes são mostradas compondo cada uma os elos de uma corrente que contém uma pluralidade de dramas impossíveis de se descreverem. 1ª Situação: Richard (Brad Pitt) e Susan (Cate Blanchet) estão em viagem pelo Marrocos quando Susan é alvejada por uma bala perdida. Richard tem que lutar para manter a sobrevivência de Susan a qualquer preço. Neste mesmo período, 2ª situação: os seus filhos são levados pela sua babá de confiança Amélia (Adriana Barazza), sem autorização, ao México por ocasião do casamento de seu filho. 3ª Situação: uma humilde família camponesa marroquina tenta sobreviver num ambiente inóspito e como se não bastassem suas dificuldades, terão que lidar com a polícia local que investiga de onde partiu o tiro que feriu a turista americana. 4ª Situação: No Japão o ex-dono da arma que causou o ferimento de Susan enfrenta problemas de convivência com sua filha adolescente que vive um período de profunda instabilidade emocional após o suicídio de sua mãe. Chieko (Rinko Kikuchi) é surda muda e sua necessidade de afeto e aceitação é o seu clamor mais audível.
As histórias vão se mesclando em exemplos de acasos e da necessidade humana de resistir a todos estes obstáculos no limite do que pode ser possível e dentro de sua própria forma de se comunicar, com ou sem palavras já que o próprio silêncio impõe uma intenção. A Babel que o filme faz referência traz a idéia de isolamento que cada um carrega dentro de si ou com o meio em que vive seja no exemplo do casal americano em viagem a um país estrangeiro tentando entender um outro sistema e com dificuldades em seu casamento (a própria célula de sua estabilidade), seja a imigrante latina tratada com humilhação nos Estados Unidos, seja como o próprio cidadão à mercê das arbitrariedades de seu país ou mesmo na impossibilidade de "ser normal" e comunicar-se com os outros quando fisicamente o uso da voz lhe é tirado desde sempre.
Babel trata das dificuldades da relação humana entre iguais e diferentes na tarefa árdua do simples entendimento que por mais claro e simples que seja dificilmente é compreendido. O filme tem um impacto poderoso pois atribula e desafia a organização de nossas vidas, mobilizando nossas expectativas. Funciona como o testemunho de uma catarse fatídica resultante da condição incomunicável do homem e o seu ambiente.
Alejandro González Iñárritu, o diretor, utilizou seqüencias dando uma idéia de acontecimentos paralelos, mas não, necessariamente, concomitantes. Isto dá um grande volume ao roteiro que mantém um clímax constante no filme e a atenção permanece retida pelo revezamento de pontos altos de cada situação que se apresenta em seu momento. A edição lembra muito a de Crash - No Limite pela velocidade em que as cenas vão determinando e moldando o resultado onde é impossível recuar dentro do caminho já trilhado. Em Babel as personagens encontram-se numa torre de desesperos com vista à tragédias convivendo ao mesmo tempo não apenas com linguagens diferentes, mas também com o idioma único da luta de manutenção de seu bem-estar e autonomia.
Notas:
Este é o 2º filme em que o diretor Alejandro González Iñárritu e o ator Gael García Bernal trabalham juntos. O anterior foi Amores Brutos (2000).
Exibido na mostra Panorama do Cinema Mundial, no Festival do Rio 2006.
O orçamento de Babel foi de US$ 25 milhões.
Rinko Kikuchi teve que se submeter a um ano inteiro de audições até conseguir o papel de Chieko.
Boubker Ait El Caid que foi escolhido como Yussef, o garoto marroquino que erroneamente dispara com a arma, depois que o diretor Alejandro González Iñárritu o viu jogando bola no hotel Plaza local.
Brad Pitt desistiu de um dos papéis principais em os infiltrados (filme que co-produziu) para que pudesse participar deste filme, ele é um fã antigo dos filmes de Alejandro González Iñárritu.
Tendo as histórias sido filmadas em momentos diferentes e em diferentes partes do mundo, alguns menbros do elenco nunca tinham encontrado suas contra-partes antes da premiere.
A atriz Adriana Barraza aumentou 14 kilos e meio para fazer a sua personagem no filme.
O diretor Alejandro Gonzalez Inarritu diz no making of do filme que 17 dias antes do início das filmagens das cenas do Marrocos ninguém do elenco tinha sido escolhido. A equipe teve que ir à cidade mais perto do local das filmagens e fazer anúncios na televisão, rádio e nas mesquitas a respeito de um filme que estaria sendo rodado. Em apenas um dia 200 pessoas apareceram com a esperança de serem escolhidos para o filme. Quase todos estão no filme seja participando como personagens principais seja apenas como extras.
A cena em que Chieko está dentro do carro com seu pai foi filmada sem a permissão da cidade tendo em vista a lentidão das entidades burocráticas japonesas. A equipe criou um tráfico artificial e começaram a filmar as cenas. Posteriormente a polícia começou a persegui-los enquanto eles ainda estavam filmando.
A atriz Adriana Barraza tem histórico de problemas do coração por já ter sofrido dois leves ataques cardíacos, mesmo assim ele insistiu em carregar a atriz e sua co-star Ellen Fanning nos dois dias de filmagens em que Mercedes caminha no deserto com Mike e Debbie.
O vermelho, como um denominador comum, é visto em todos os quatros segmentos do filme.
O diretor de fotografia Rodrigo Prieto teve dificuldades em filmar a cena onde Richard e os moradores da vila carregam Susan ferida numa esteira para o top da colina. Ele tentou filmar de trás para frente mas a câmera não se mantinha fixa e muitas vezes caía. Alejandro Gonzalez insistiu para o uso da Stedicam e para o uso da câmera manual. O editor Joseph Dianda veio com a sugestão de utilizar uma cadeira do hotel com dois suportes de madeiras presos abaixo da cadeira e carregados por quatro pessoas com Rodrigo sentado nela e realizando a filmagem. Esta forma de filmar foi batizada pela equipe como 'Filmagem da cadeira de Joey".







Título Original: Babel.

Gênero: Drama.

Ano: 2006.

País de Origem: EUA.

Duração: 143 min.

Língua: Inglês.

Cor: Colorido.

Diretor: Alejandro González Iñárritu.

Elenco: Brad Pitt, Cate Blanchett, Adriana Barraza, Elle Fanning, Nathan Gamble, Nathan Gamble, Rinko Kikuchi, Kôji Yakusho.

Friday, April 27, 2007

REVIEW - XEQUE-MATE

Caso você consiga suportar a primeira metade de exibição do filme Xeque-Mate não terá maiores problemas em finalizar a última parte. Graças ao carisma da nipoamericana Lucy Liu a primeira hora do filme do diretor Paul McGuigan não se torna um convite quase irrecusável para abortarmos a sessão. O misto de comédia e ação policial, cheia de reviravoltas e com piadas de humor negro, carece de intensidade nas atuações resultando em um filme descartável e de fácil esquecimento. Mesmo ostentando atores do porte de Ben Kinsley e Morgan Freeman, Xeque-Mate só começa a decolar já quando é a hora da aterrisagem. A demora para que a trama comece a engrenar, acaba pulverizando a atenção do espectador que espera bem mais que um início confuso e que se prolonga demais sem necessidade alguma.
Slevin vai passar uns tempos com seu amigo Nick após levar um fora de sua namorada. A primeira pessoa que ele conhece é Lindsey (Lucy Liu), que é vizinha do apartamento e que estranha a ausência de Nick por tanto tempo. O espírito investigativo de Lindsey (numa interpretação naturalmente cômica da atriz) sugere que eles devam procurar pistas sobre o paradeiro do desaparecido. Neste ínterim, Slave é levado em duas ocasiões diferentes por capangas de dois chefões mafiosos locais que o tomam por Nick e exigem, desta forma, que este pague o valor devido pelo verdadeiro Nick. No caso do mafioso conhecido como The Boss (Morgan Freeman) o valor para saldar o débito é que Slave execute o filho de seu rival Rabino (Ben Kinsley). Por trás disso tudo a sombra sempre presente do misterioso Goodkat (Bruce Willis), personagem decisivo da história.
Xeque-Mate pode até causar uma certa empolgação no final devido às suas cenas de ação, mas o sabor resultante permanece com um quê de insatisfação devido a sua previsibilidade. Os roteiros cada vez mais malabaristícos para adequar situações, personagens e ambientes estão perdendo a força nos filmes deste gênero. O resultado é que a falta de criatividade começa deixar de exercer o seu poder de atração junto ao público. É uma pena, maior ainda, saber que um elenco de atores de primeira categoria, que poderia ter sido melhor explorado, fiquem perdidos em seus personagens tentando encontrar a melhor forma de torná-los palpáveis e acabam agindo como patetas.
Notas: Este é o 2º filme em que Bruce Willis e Danny Aiello atuam juntos. O anterior foi Hudson Hawk - O Falcão Está à Solta (1991).
Josh Hartnett morou com o roteirista Jason Smilovic e sua namorado enquanto o roteiro do filme era escrito. Smilovic disse que tinha pensado na personagem Slevin usando apenas uma toalha durante um pedaço do filme devido ao fato dele ver tantas vezes Hartnett usando uma. Esta característica acaba dando à personagem uma qualidade de vulnerabilidade.






Título Original: Lucky Number Slevin.

Gênero: Ação.

Ano: 2006.

País de Origem: EUA.

Duração: 109 min.

Língua: Inglês.

Cor: Colorido.

Diretor: Paul McGuigan.

Elenco: Josh Hartnett, Bruce Willis, Lucy Liu, Morgan Freeman, Ben Kingsley, Stanley Tucci.

Tuesday, April 24, 2007

REVIEW - A CASA MONSTRO

É fácil notar que as animações estão acompanhando a evolução, ou melhor dizendo, a maturação precoce das crianças e jovens. Isso está ocorrendo de uma forma tão rápida que, pelo jeito, estas produções, em pouco tempo, terão que enfrentar classificações restritivas de idade. Em A Casa Monstro as cenas de violência, para um público que não deveria ser o infantil, são tantas e tão pavorosas quanto o sobrado que dá o título ao filme.
Apoderado por um espírito de uma desencarnada, cheia de ódio no coração, a casa da vizinhança, onde mora o pré-adolescente DJ Walters (Mitchel Musso), é temida pelas crianças que passam por seu gramado ou que por lá perdem os seus brinquedos. Neste sobrado caindo aos pedaços vive o temido Epaminondas, um senhor mal-humorado que não permite sequer que pisem em seu gramado. DJ Walters é vizinho do assustador Epaminondas e acaba descobrindo juntamente com os seus amigos Chowder (Sam Lester) e Jenny (Spencer Locke), que a casa tem vida própria e que alguma maldição se apodera do local.
É inegável que, por se tratar de uma animação, exista situações absurdas e mirabolantes, típicas de desenho animado. Observado-se, todavia, por trás dessa ficção computadorizada, o traço marcante são as cenas de agressões explícitas que destoam do momento de luta por uma paz mundial. Os Estados Unidos, contudo, parece não estar sintonizado nesta mesma idéia, pois a indústria cinematográfica da animação, naquele país, insiste em dar vida a roteiros truculentos. O problema é que as histórias criadas têm como alvo uma população ainda em fase de formação moral que, conscientemente, acabam se identificando com as personagens por estas também serem na maioria das vezes, também, crianças. Como obra artística A Casa Monstro é de um acabamento perfeito (foi rodado em 3D) com personagens detentores de características indivudais e bem definidas, mas o direcionamento deve ser dado para o público adulto não o infantil.
Notas:
Inicialmente A Casa-Monstro seria feito com atores reais, com a idéia sendo descartada devido às dificuldades de realização de uma cena do clímax do filme.
A Casa-Monstro utiliza animação de captura de movimento, usada anteriormente em O Expresso Polar (2004).
Estréia de Gil Kenan como diretor de longa-metragens. Recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Filme de Animação.
Recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Filme de Animação.






Título Original: Monster House.

Gênero: Animação.

Ano: 2006.

País de Origem: EUA.

Duração: 91 min.

Língua: Inglês.

Cor: Colorido.

Diretor: Gil Kenan.

Elenco (vozes da animação original): Ryan Newman (Little Girl), Steve Buscemi (Nebbercracker), Mitchel Muso (DJ Walters), Catherine O'Hara (mom), Fred Wilard (dad), Sam Lerner (Chowder), Maggie Gyllenhaal (Zee), Katherine Turner (Constance).

REVIEW - MARIA ANTONIETA

A pompa da aristocracia francesa no periodo pré-revolução de 1789 traz uma direção de arte e figurinos caprichados. Kirsten Dunst encarna a rainha Maria Antonietta num papel que lhe caiu bem, levando em conta a visão que a diretora/roteirista Sofia Coppola deu à jovem austríaca que tornou-se esposa do monarca Luiz XVI e juntamente com ele foi decapitada após a tomada da Bastilla pelas massas já no final do século XVIII. Graças ao seu desinteresse pelas causas sociais e sua fama de esbanjadora, Maria Antonietta se tornou a rainha mais impopular da história da França. A soberana era tão despreucupada quanto alheia ao seu papel de rainha na corte. Os recursos que por ela deveriam ser administrados para a realização de caridades eram gastos nas mesas de apostas e nas festas boêmias que duravam toda a noite e que, segundo o filme, se constituiam no grande prazer da monarca.
Criada para se comportar como convém ao seu status de integrante da alta-nobreza, Maria Antonietta é retratada como uma adolescente ingênua em sua essência. Ela possuia com um gosto refinado, mas sem a menor consciência do que ela representava para a vida política em sua época. Para a jovem austríaca seu único prazer se resumia em expandir sua euforia adolescente, divertindo-se levianamente como uma adolescente (ela casou-se aos 18 anos). No apogeu das experimentações de seus desejos ela chegou, inclusive, a ter um caso extraconjugal com um militar sueco.
Embora tenha sido morta prematuramente aos 38 anos de idade, Maria Antonietta aproveitou o máximo que pode o luxo e a riqueza oferecida pela coroa. O filme deixa claro que a 'bom vivant' austríaca não desperdiçou nada que pudesse lhe trazer mais conforto e satisfação dentro da vida cheia de formalidades e de seu casamento sem amor e feito por conveniência.
Sofia Coppola preferiu narrar a história num formato que mescla uma trilha sonora de músicas clássicas com o rock progressivo. O estilo, embora tente contemporanizar, criando uma identidade com uma platéia jovem, não combina com o visual de época constituído de forma perfeita e ao invés de criar um efeito, o força. Esta, contudo, foi a opção utilizada para lembrar que trata-se de um filme histórico, mas o que se pretende é dar destaque a jovialidade da rainha e à sua alienação quanto ao mundo que lhe cerca. Adicione-se a isso o comportamento padrão de uma adolescente com suas características mais elementares e tem-se o espírito leviano da rainha como o foco e quase único objetivo deste longa.
A senhorita Coppola poderia ter-se aprofundado no estado de necessidade e nas pertubações de Maria Antonieta. Retratada o tempo todo como uma pessoa fútil, um objeto de transação política, e responsável apenas por dar seqüência a uma dinastia. Não é dada a Maria Antonieta outras características marcantes e ao terminarmos de assistir a sensação de que algo mais precisava ser completado é inevitável. A perda dessa substância acaba por tirar do filme Maria Antonieta o poder de grande referência em cinebiografia.
Notas:
Sofia Coppola conheceu a biografia de Maria Antonieta em 2000, através da historiadora francesa Evelyne Lever. Na época ela adquiriu os direitos de adaptação para o cinema de seu livro, sendo acompanhada pela autora em sua 1ª visita ao Palácio de Versailles, em 2001. Posteriormente Lever trabalhou como consultora técnica do filme, preparando um dossiê sobre a rainha, de forma a evitar erros sobre sua história.
Sofia Coppola se recusou a ler a famosa biografia de Maria Antonieta escrita por Stefan Zweig, por considerá-la rigorosa demais. A diretora preferiu se basear no livro de Antonia Fraser, que faz da rainha um personagem mais humano.
Inicialmente Maria Antonieta seria produzido antes de Encontros e Desencontros (2003), filme anterior de Sofia Coppola. A diretora estava trabalhando no roteiro de Maria Antonieta, mas vinha tendo dificuldades com a pesquisa histórica e a quantidade de personagens. Foi durante este processo que ela concebeu o roteiro de Encontros e Desencontros, cujas filmagens tiveram início antes.
Este é o 2º filme em que a diretora Sofia Coppola e a atriz Kirsten Dunst trabalham juntas. O anterior foi As Virgens Suicidas (1999).
O personagem Luís XV foi oferecido a Alain Delon, que o recusou.
Judy Davis, que interpreta a Condessa de Noailles, esteve inicialmente cotada para a personagem Maria Theresa.
O governo francês concedeu à equipe de filmagens uma permissão especial para que rodasse cenas no Palácio de Versailles.
Apesar do Salão de Espelhos estar em restauração na época das filmagens, a diretora Sofia Coppola conseguiu permissão para rodar no local a cena de baile do casamento entre Maria Antonieta e Luís XVI.
O orçamento de Maria Antonieta foi de US$ 40 milhões. A papel de Luiz XV foi oferecido a Alain Delon. Alega-se que o veterano astro do cinema françês se inflamou ao saber que uma americana se atreveu a fazer algo tão indelicado quanto fazer um filme sobre um fato da história francesa. Quando ele se encontrou com Sofia Coppola, trouxe-lhe um enorme buquê de flores e lhe disse basicamente, em várias palavras, que nunca se submeteria a trabalhar com um americano num filme como este.
Ganhou o Oscar de Melhor Figurino.
Recebeu 3 indicações ao BAFTA, nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Figurino e Melhor Maquiagem.






Título Original: Marie Antoinette.

Gênero: Drama.

Ano: 2006.

País de Produção: EUA.

Duração: 123 min.

Língua: Inglês / Françês.

Cor: Colorido.

Diretor: Sofia Coppola.

Elenco: Kirsten Dunst, Judy Davis, Jason Schwartzman, Rip Torn, Rose Byrne, Asia Argento.
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