REVIEW - O SEGREDO DE VERA DRAKE

O cerne principal de O Segredo de Vera Drake lida com um tema que é permantemente polêmico: o aborto. A forma como nos tornamos cúmplice dos acontecimentos é documentada de forma suave e esclarecedora. Pelo que se apresenta, não há intenção de se formar opinião ou induzir uma concordância. Existem apenas fatos aceitos onde não se propõe nenhuma espécie de julgamento. O diretor e roteirista Mike Leigh conseguiu as melhores atuações do elenco (destaque para Imelda Staunton) sem cair na pieguice ou em momentos melodramáticos que comprometeriam o valor forte que o filme apresenta.
Vera (Imelda Staunton) é uma mulher batalhadora que trabalha como diarista, cuida da mãe doente e consegue manter um casamento harmonioso e uma família unida na conservadora Inglaterra da década de 50. Mas existe uma faceta que ela esconde de todos por achar faz um bem maior: ela provoca abortos em mulheres cuja maioria são pessoas carentes que não tem recursos para realizar o procedimento em clínicas mais caras. A diferença é que Vera não cobra por estes serviços, ela acredita sinceramente que faz apenas para ajudar. As conseqüências dos seus atos impensados serão danosas e comprometerão a estabilidade do seu lar.
Embora não seja uma produção requintada ao melhor estilo dos dramas de época ingleses, O Segredo de Vera Drake emociona e sensibiliza não só pela interpretação de seus protagonistas, mas também pelo capricho que se teve em retratar a época dos acontecimentos (Inglaterra pós 2ª Guerra Mundial) através de uma direção de arte e figurinos bem cuidados.
A sobriedade com qual se discorre as situações sem escândalos ou grandes alardes denota um sofrimento que pode ser maior ainda. Embora algumas questões possam ficar vagas quanto aos seus motivos, não é nada que tire a essência primoridal do filme. O sofrimento da alma, da moral e aquele que surge quando atingimos as pessoas que mais gostamos.

Notas:
Com exceção de Imelda Staunton, nenhum dos atores sabiam que o tema central do filme era sobre aborto até que seus personagens descobrissem. Cada ator só sabia o que se referia ao seu próprio personagem.
Todos os atores foram proibidos de até mesmo falarem com seus familiares sobre o que eles estariam fazendo no filme e qualquer outra informação a respeito da produção.
O orçamento estava tão apertado que uma semana de filmagens tiveram que ser canceladas.
Filmado sem um roteiro, mesmo assim o filme foi indicado paro o Oscar de Melhor Roteiro Original em 2005. Mike Leigh disse que teve que redigir o roteiro para só assim puder ser enviado para os menbros da Academia. Mas, na verdade, o roteiro que foi indicado não existe. O próprio filme é o roteiro.
Mike Leigh pediu para que os atores fizessem sons no filme. Isto porquê não se tinha direito para pagar pelo direito autorais de músicas. Os atores tiverem que fazer sons musicais genéricos para ajudar na composição das cenas.
Foi submetido ao Festival de Cannes de 2004, mas foi recusado.

Título Original: Vera Drake.

Gênero: Drama.

Ano: 2004.

País de Origem: Reino Unido / França / Nova Zelândia.

Duração: 125 min.

Língua: Inglês.

Cor: Colorido.

Diretor: Mike Leigh.

Elenco: Imelda Staunton, Richard Graham, Eddie Marsan, Anna Keavenney, Alex Kelly, Daniel Mays, Philip Davis, Sally Hawkins, Sam Troughton.