Tuesday, August 15, 2006

REVIEW - O NOVO MUNDO


Segundo a máxima de Rousseau "o homem é puro, a sociedade é que o corrompe". Parece que a verdade defendida também está para o diretor/roteirista Terrence Malick (Linhas Vermelhas). Em seu último trabalho, O Novo Mundo, Malick reconstrói o cenário de descobertas e desafios dos exploradores europeus na ocupação da América do Norte e do início do extermínio dos índios. Retratados como incorruptíveis, os aborígenes americanos, são descritos através da visão da personagem principal, o capitão Smith (Collin Farell), como o exemplo perfeito de uma sociedade harmoniosa. Após o clima de desbravamento ser formulado, o cerne da questão se volta ao amor proibido entre a virtuosa princesa indígena Pocahontas (Q'Orianka Kilcher) e o já citado capitão e conquistador inglês, John Smith. Se você achar uma coincidência entre esta estória e o clássico conto de Pocahontas, esteja certo que este é o próprio, só que narrado numa perspectiva intencionalmente muito mais comtemplativa que romântica e aventuresca. As tomadas são longas e um simples gesto (como um olhar, um toque, uma simples percepção) é dado um destaque relevante. O que ocorre é que essas cenas levam um tempo maior que o normal, ou pelo menos o que estamos acostumados a assistir, para serem completadas, pois o diretor procura explorar podendo causar uma certa impaciência a quem crie uma expectativa de um épico movimentado.
Inicialmente me senti meio desconfortável pelo clima estanque do filme dando a impressão que iríamos presenciar apenas um discurso vazio, mas do meio para o final se tornou fácil se comover com os sentimentos verdadeiros e imaculados que valorizam a estética defendida pelo longa. O papel de Pocahontas assumido pela jovem atriz Q'Orianka Kilcher, de apenas 16 anos, pareceu ter sido escrito para ela, acredito que ninguém poderia ter incorporado com tanta suavidade e carisma essa lendária personalidade.
Poeticamente melancólico a maior parte do tempo, desengane-se se você pretende assistir a batalhas cheias de glitter pirotécnico que nos é fornecido pelos surpreendentes efeitos especias de hoje em dia. Elas até existem, mas de uma forma real e menos flamboyant do que é visto em Hollywood. A verdadeira guerra que se pretende mostrar aqui é a do homem contra sua natureza insubordinada e sua necessidade de aceitação.

Notas:
Rodado quase que totalmente sem iluminação artificial.
Antes do começo das filmagens, Terrence Malick e Emmanuel Lubezki estabeleceram uma série de regras que deveriam ser seguidas no filme: proibido o uso de luz artificial; proibido o uso de trilhos para câmera, tudo deveria ser filmado com a câmera fixa ou com movimento manual; tudo deve ser filmado num ponto de vista subjetivo; todas as filmagens devem ser feitas em deep-focus shots que significa que tudo, seja a frente ou por trás do objeto central deve estar visível e focado; os câmeras estão encorajados a filmar tudo que ocorra de forma inesperada ou por acidente seguindo apenas o instinto; seleção de tomadas: todas que não tiverem uma força visual não serão utilizadas.
Todo o diálogo foi refeito na pós produção. O problema era que durante as tomadas a voz de Malick era ouvida ao fundo.
Americanos de origem indígena do filme tiveram que aprender a língua Algonquin. Cerca de 3000 pessoas falam essa lingua nos dias de hoje e muitas delas foram contratadas para dar aulas aos menbros do elenco.
O Forte de Virgínia foi construído em 30 dias. Esse foi o mesmo tempo gasto pelos primeiros colonizadores a erguer o forte original. A produção utilizou a mesma técnica, dispensando o uso de guindastes e outras maquinarias modernas.
Foram utilizados cerca de 3.048 quilômetros de filme para a feitura de O Novo Mundo.
Fazer a seleção para o papel de Pocahontas foi díficil, os produtores procuraram entre cerca de duas mil atrizes antes de decidirem expandir suas atenções para todos os atores de origem indígena das americas do sul e norte.
Os produtores concordaram com os líderes das associações dos índios americanos de não creditar seus nomes no filme até que a versão final do filme fosse vista e aprovada por eles.
A vestimenta utilizada por Pocahontas na cerimônia de apresentação ao rei da Inglaterra é baseada numa das poucas representações comtemporâneas que se tem dela.
Pocahontas nunca é chamada pelo seu nome durante todo o filme.
Na preparação para o papel, Collin Farell leu todos os sete livros de John Smith que ele publicou, na sua volta à Inglaterra, contando sobre o Novo Mundo.
Todos os atores tiveram que perder cerca de 8 kilos e se instalar num acampamento onde aprenderam usar armas de artilharia e a viver como os desbravadores.
Terrence Malick terminou este roteiro no final dos anos 70 que permaneceu hibernando até 2004.
Embora tenha sido por fim determinado ser impraticável, por questãoes fiscais, rodar o filme apenas com película de 65 mm, esta produção se destaca por ser a primeira depois de nove anosa ser todo rodado num filme sem tomadas de efeitos especiais. Hamlet (1996), de Kenneth Brannagh, foi o último.
Terrence Malick fez a montagem do filme seguindo a trilha sonora ao invés de compor a música para o filme já concluido.
A versão original do filme lançado em dezembro de 2005 era de 150 minutos. Depois de alguns dias de estréia limitada ele recolheu as cópias e encurtou a versão para 135 minutos.






Título original: The New World.
Gênero: Drama / Romance / Aventura.

Ano: 2005.

País de origem: EUA.

Duração: 135 min.

Língua: Inglês / Algonquin.

Cor: Colorido.

Diretor: Terrence Malick.
Elenco: Colin Farell, Q'Orianka Quilcer, Christopher Plummer, Christian Bale, David Thewlis, Wes Studi.

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