REVIEW - O PADRE
Alguns diretores conseguem iniciar os trabalhos na direção de um filme mantendo uma densidade contínua e uniforme do princípio até o fim das filmagens. O resultado é sempre de grande consistentência e com uma ótima narrativa onde se percebe claramente o domínio do diretor em cima do roteiro. Com espórádicos e bem-vindos momentos "quebra-tensão" esses diretores afrouxam os nós das nossas gravatas e nos deixando respirar um pouco e tenhamos fôlego para prosseguir com o bombardeio de idéias, imagens e palavras que nos atordoam e nos deixam estupefatos. Essa qualidade na direção foi dada por Antônia Bird no polêmico O Padre.
Tratando de uma gama de assuntos considerados inícuos, mas que são inerentes à existência da sociedade, O Padre vai atrás das feridas criadas por uma sociedade sedimentada por tabus e conceitos atemporais e seculares. Regado com muitos traumas, dores e resignações esta pequena lição de tolerância e respeito não se passa distante do expectador, muito pelo contrário, é trazido para bem perto utilizando para isso personagens comuns, de uma comunidade comum e com características ordinariamente simples. O brilho maior do filme é de não querer entrar para o esteriotipo dos filmes que tratam de temas considerados "marginais" sabendo balancear harmonicamente o texto com as imagens sem ser necessário uma rudeza maior.
O jovem padre Greg é designado para trabalhar junto com o veterano padre Matthew em uma paróquia católica num bairro irlandês. Ortodoxo e convicto dos valores, padrões e costumes outorgados pela religião ele é privado de discernimento e autocrítica quanto às idéias conservadoras que defende. Ao mesmo tempo que se choca com o comportamento liberal do padre Matthew e a forma como este dirige a paróquia, essa sua censura canônica acaba se voltando a ele mesmo criando um conflito doloroso já que o mesmo é homossexual. À medida que interage com as pessoas da igreja ele vai absorvendo seus problemas e se dá conta que alguns deles não serão resolvidos por culpa das regras estabelecidas pela instituição que ele defende. "Como ser representante de cristo e ser impotente naquilo onde lhe deveria ser dado o poder maior de atuar para o bem das pessoas?" diz o padre Greg em determinado momento do filme. Os dramas expostos são expurgados com muita sensibilidade e com muita emoção.
O Padre não é apresentado como uma estória com começo, meio e fim de forma determinada. O que se retrata é um episódio de uma situação específica no espaço de tempo e de onde outros conflitos advirão. O que se tenta discutir é o aprisionamento contido dos desejos de mudança do ser humano e que são aceitos por cada um e vivenciados como um martírio necessário. Como se por uma razão ilógica não pudéssemos ser felizes por completo.
Gênero: Drama.
Ano: 1994.
País de origem: Reino Unido.
Duração: 105 min.
Língua: Inglês.
Cor: Colorido.
Diretor: Antonia Bird.
Elenco: Linus Roache, Tom Wilkinson, Robert Carlyle, Cathy Tyson, Christine Tremarco, Lesley Sharp, Robert Plug, Rio Fanning.
Tratando de uma gama de assuntos considerados inícuos, mas que são inerentes à existência da sociedade, O Padre vai atrás das feridas criadas por uma sociedade sedimentada por tabus e conceitos atemporais e seculares. Regado com muitos traumas, dores e resignações esta pequena lição de tolerância e respeito não se passa distante do expectador, muito pelo contrário, é trazido para bem perto utilizando para isso personagens comuns, de uma comunidade comum e com características ordinariamente simples. O brilho maior do filme é de não querer entrar para o esteriotipo dos filmes que tratam de temas considerados "marginais" sabendo balancear harmonicamente o texto com as imagens sem ser necessário uma rudeza maior.
O jovem padre Greg é designado para trabalhar junto com o veterano padre Matthew em uma paróquia católica num bairro irlandês. Ortodoxo e convicto dos valores, padrões e costumes outorgados pela religião ele é privado de discernimento e autocrítica quanto às idéias conservadoras que defende. Ao mesmo tempo que se choca com o comportamento liberal do padre Matthew e a forma como este dirige a paróquia, essa sua censura canônica acaba se voltando a ele mesmo criando um conflito doloroso já que o mesmo é homossexual. À medida que interage com as pessoas da igreja ele vai absorvendo seus problemas e se dá conta que alguns deles não serão resolvidos por culpa das regras estabelecidas pela instituição que ele defende. "Como ser representante de cristo e ser impotente naquilo onde lhe deveria ser dado o poder maior de atuar para o bem das pessoas?" diz o padre Greg em determinado momento do filme. Os dramas expostos são expurgados com muita sensibilidade e com muita emoção.
O Padre não é apresentado como uma estória com começo, meio e fim de forma determinada. O que se retrata é um episódio de uma situação específica no espaço de tempo e de onde outros conflitos advirão. O que se tenta discutir é o aprisionamento contido dos desejos de mudança do ser humano e que são aceitos por cada um e vivenciados como um martírio necessário. Como se por uma razão ilógica não pudéssemos ser felizes por completo.
Notas:
A diretora Antonia Bird cortou a cena em que Linus Roache aparece com as nádegas de fora para assegurar que o filme, nos Estados Unidos, recebesse uma classificação proibitiva apenas para menores de 17 anos sem a companhia dos pais.
Título original: Priest.
Gênero: Drama.
Ano: 1994.
País de origem: Reino Unido.
Duração: 105 min.
Língua: Inglês.
Cor: Colorido.
Diretor: Antonia Bird.
Elenco: Linus Roache, Tom Wilkinson, Robert Carlyle, Cathy Tyson, Christine Tremarco, Lesley Sharp, Robert Plug, Rio Fanning.
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