Sunday, July 16, 2006

REVIEW - BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS

Ver Jim Carrey num filme em que ele tem que conter suas caretas e trejeitos estapafúrdios já é um deleite por si só. Em Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (ufa!) ele exercita seu lado dramático, se sai bem e transforma o filme numa bela obra já considerada cult por muitos. O Poder 'eterno do brilho' vem da capacidade de reflexão e mudança de perspectiva que nos é apontado pelo roteiro. Alia-se, também, o seu efeito gradativo, ininterrupto e ilimitado, inflingido ao telespectador continuamente e por tempo indeterminado. A performance de Carrey, ao lado de uma grande atriz como Kate Winslet, se constitui em uma das suas melhores interpretações, conseguindo transmitir todas as angústias que a personagem exige nas diferentes etapas em que sua vida (consciente e inconsciente) se encontra.
Joel Barish (Jim Carey) é um sujeito comum e trabalhador que acaba se apaixonando pela elétrica Clementine Kruczynski (Kate Winslet) que retribue o mesmo afeto. Num determinado momento toda a situação se desfaz e ele não entende o motivo pelo qual ela não mais sequer o reconhece. Através de muita metáfora e tomadas preciosas (como a que ele sai da livraria e acaba entrando na mesma seqüência na sala de estar da residência de seus amigos, ou quando ele tenta ver o rosto de Patrick (Elijah Wood) e descobre que ele não tem face. A situação é desmontada e, de forma humana, os sentimentos verdadeiros e reais são trazidos à tona chamando lembranças indeléveis.
Falar mais sobre o filme é retirar o seu objetivo maior: o triunfo da surpresa. Não considero Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças como sendo um dos melhores filmes de todos os tempos, mas as suas singularidades lhe dão um destaque particular e uma transcedência profunda no que tange à necessidade do inevitável por pior que ele seja.

Notas:

O título é uma passagem do poema de Eloisa para Alexander Pope (1688- 1744). Este poema foi utilizado no projeto inicial de Quero ser John Malkovich.
Antes de Jim Carey expressar seu interesse pelo projeto, Nicolas Cage foi cotado para o papel.
A companhia que apagava as memórias dos pacientes no filme, Lacuna Inc., teve seu nome inspirado na palavra latina que significa vazio, ausência. O termo "lacunar infarct" significa um pequeno derrame que envolve uma pequena área do cérebro responsável por uma função específica, ou, até mesmo, por uma memória específica. Além disso, na papirologia (ciência que estuda os manuscritos antigos) uma lacuna é uma parte do texto que está faltando e que se pode às vezes ser recuperada.
A idéia foi trazida para Michael Gondry através de um amigo seu e artista, Pierre Bismuth. Ele sugeriu alguém receber um cartão do correio informando que alguém conhecido acabou de lhe apagar da memória.
Todas as cenas de trem foram gravadas dentro de um trem real e em movimento.
Os créditos de abertura aparecem após 18 minutos de filme, quase no final do primeiro rolo de filme.
A voz sussurrando "Mountak" no filme é uma combinaça da voz de Kate Winslet ecoada com a de uma funcionária da Focus Feature. Aparentemente, a jovem foi chamada para fazer uma segunda voz, antes da chegada de Kate, e o seu trabalho foi mantido.
Uma subtrama envolvendo Joel passando uma noite com sua ex-namorada Naomi foi retirada do filme na edição final.
No roteiro inicial, Charles Kaufman incluiu uma curta conversa entre Joel e Clementine sobre o álbum Rain Dogs, de Tom Waits, durante uma das cenas de abertura no trem. Durante a conversa Joel diz que se lembra de ter comprado o álbum e ter começado a lambê-lo e nada mais. Essa conversa foi retirada do roteiro final, entretanto durante as cenas rodadas em que Stan mostra objetos que Joel comprou para que ele se lembre de Clementine, uma cópia do cd Rains Dogs é mostrada rapidamente.
Embora o roteiro de Charlie Kaufman e o conceito visual de Michel Gondry estivessem bem alinhados, foi permitido aos atores muitas chances para improvisarem. Elijah Wood e Mark Ruffalo improvisarm extensivamente e muitos dos diálogos entre Kate Winslet e Jim Carey foram o resultados de sessões de ensaios gravados onde os atores ficaram bastante íntimos e passaram a dividir estórias de suas relações amorosas e desilusões.
As cenas em que Joel e Clementine assistem ao desfile do circo passando pelas ruas foram feitas num local real. Estando toda a equipe trabalhando perto do local, Michel Gondry achou que aquela filmagem poderia ficar bem. A parte em que Clementine desaparece subitamente é uma das favoritas do diretor. Jim Carey não sabia que Kate Winslet ia desaparecer e o diretor gostou muito, pois o rosto de Carrey dá uma expressão de tristeza que correspondia ao momento. Quando o som é retirado na versão final do filme para a cena, Carrey esta dizendo "Kate ?".
Para ajudar a promover o filme foi criado um site com o nome da clínica apagadora de memórias Lacuna (http://www.lacunainc.com) cujo o propósito no filme é promover a eliminação de memórias. A única opção que o link oferece, na verdade, é um uma conexão para se observar Joel Barish experimentando o procedimento, se ligando ao site do filme.
Quando Joel está na sua mente e observa a eliminação de suas memórias pelos funcionários da clínica, Ruffalo e Wood, não houve utilização de computação gráfica para mostar dois Jim Carrey na mesma cena. Jim Carrey teve que tirar o chapéu e jaqueta quando não estava na cena e sentar-se rapidamente na cadeira e vice-versa quando tinha que se levantar.
Todas as mais bizarras cenas construídas nesse filme utilizaram a velha câmera e o antigos truques, edição, luz e construção de sets. O uso de efeitos digitais foram muito limitados.
A mulher com o rosto distorcido na sala do Dr. Mierzwiak é Ellen Kuras, diretora de fotografia do filme.
Alguns jornalistas tentaram entrevistar Jim Carrey durante a cena improvisada de Joel e Clementine assistindo ao desfile do circo nas ruas. Se você prestar atenção pode ouvir de bem perto alguém gritando com Jim Carrey "Fale comigo !"
Inicialmente durante a cena do trem a música seria utilizada nos momentos em que Joel e Clementine pausassem a conversa, preenchendo os momentos de silêncio. Na versão final a música é tocada enquanto eles conversam e quando eles param de falar ela também cessa.
Quando Stan (Mark Ruffalo) assusta Mary (Kirsten Dunst) o diretor Michel Gondry pediu para Mark se esconder sempre em pontos diferentes para provocar sustos reais em Kirsten nas várias tomadas que tiveram de fazer para se ter a melhor.
Uma cena de sexo com Mark Ruffalo e Kirsten Dunst foi rodada mas teve que ser eliminada no final para diminuir a duração do filme.
Michel Gondry tinha uma técnica particular para dirigir as filmagens. Ele usava um aparelho, ponto eletrônico com microfone, e os dois cameramens também usavam. Ele ia acompanhando os movimentos dos atores em todos os ângulos e extraindo os melhores. Isso resultou num trabalho com um grande nível de espontaneidade, pois deixava os atores decidirem se a melhor forma de se filmar uma cena de conversa seria sentado o tempo todo no sofá, ou se levantando e indo até a janela. Kate Winslet disse que essa liberdade de movimentação melhorou a sua performance e que ás vezes eles filmavam novamente toda uma cena baseado apenas na percepção de como agiria o determinado personagem.
Nos créditos aparece a frase "Leksell Sterotactic System cortesia de Electra Intstruments". Isso é um aparelho de aparência bizarra utilizado para cirurgias no cérebro.
O áudio para a cena em que Joel e Clementine aparecem como crianças nas memórias de Joel, enquanto suas vozes de adultos estão conversando, foram gravadas na própria locação e não dubladas posteriormente. Michel Gondry achou que fosse melhor extrair a reação de Jim Carrey e Kate Winslet vendo as crianças fazendo os seus papeis.
Efeitos visuais imperceptíveis foram utilizados em cenas que não foram previstas durante o filme. Em uma tomada Clementine está andando na rua e se vê um carro caindo no background.
Todo o background é substituido por um background de computação gráfica, fazendo desaparecer até a outra perna de Clementine. A perna que restou foi criada através da computação gráfica. A outra tomada foi a casa em que Joel e Clementine estavam tentando entrar e que desmorona em apenas quatro segundos. Toda aquela cena foi feita através de computação gráfica.
Título original: Eternal Sunshine of the Spotless Mind.

Gênero: Drama / Romance .

Ano: 2004.

País de origem: EUA.

Duração: 108 min.

Língua: Inglês.

Cor: Colorido.

Diretor: Michel Gondry.

Elenco: Jim Carey, Kate Winslet, Elijah Wood, Mark Ruffalo, Kirsten Dunst, Tom Wilkinson.

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