REVIEW - OS TRÊS ENTERROS DE MELQUÍADES ESTRADA
É notória a visão de raça superior que os norte americanos detém em relação ao restante do mundo e mais ainda na América Latina. Isso fica claro e evidente na primeira produção dirigida pelo talentoso ator Tommy Lee Jones, Os Três Enterros de Melquíades Estrada.
Nesta empreitada o talentoso protagonista de vilões e mocinhos inesquecíveis revela o ufanismo americano regado com uma dose forte de piedade (culpa?) para com os vizinhos de língua espanhola.
A estrutura fragmentada do filme valoriza o trabalho de montagem, mas não o salva do fato de ser periférico nas questões que aborda.
O longa é quebrado em partes, como se fosse capítulos, (1º, 2º e 3º enterro) e apenas aos poucos nos é apresentado como realmente foi morto o imigrante ilegal e indigente Melquíades Estrada (Julio Cedillo). O empenho que Pete (Tommy Lee Jones) demonstra para que o culpado pelo crime seja punido e para que o corpo seja levado de volta à cidade natal de Melquíades é a linha de desenvolvimento dos fatos desta película. Conseguir esses objetivos não será fácil já que a autoridade local dispensa ao defunto um tratamento de indigente. Fora isso tudo, o crime foi cometido por um dos guardas da fronteira que terá a cobertura do policiamento local para não ser incriminado.
A forma como a amizade entre os dois se desenvolve é relatada em flashbacks. A admiração maior que Pete tem pelo mexicano advém de uma inveja 'saudável' das raízes que seu amigo dizia ter pela família e pela sua terra natal. A simplicidade do qual ele, mesmo sendo americano, nunca havia experimentado.
Obstinado em seu propósito, o personagem principal parece caminhar para um ato de remissão da culpa mais do que simplesmente cumprir uma promessa entre amigos de fazer o traslado do corpo em caso de morte. Pete passa desesperadamente por todas as adversidades para atingir seu objetivo como se nada mais lhe importasse. Desses momentos derivam-se cenas repugnantes com o vaqueiro viajando sobre o lombo de um cavalo, ao lado de um corpo em adiantado estado de decomposição no sol desértico do Texas. Em alguns momentos temos a certeza que o agente motivador das ações irracionais é a pura insanidade, contudo existem outros prismas.
Dentro de uma faceta política pode-se enxergar o autoflagelo executado por Pete e transmitido ao responsável pela morte do Estrada, como algo direcionado ao sistema dominador americano em busca de sua expiação. É a penitência necessária onde todos assumem uma responsabilidade.
Seria o inconsciente ou o consciente atuando ?
Como obra cinematográfica Os Três Enterros de Melquíades Estrada funciona apenas parcialmente. As imagens construídas por Jones consegue transmitir a aridez e a rusticidade do local que serve de cenário para o filme, mas a estória não é espalhada satisfatoriamente dentro deste ambiente. Falta substância ao roteiro que parece estar petrificado e atrelado a uma situação, recusando-se a expandir. Exemplo disso são as personagens coadjuvante onde cada uma detém uma problemática interessante, mas que não lhes são dadas um poder de modificação de fato na trama que se desenrola.
Notas:
A maior parte do filme foi rodada no rancho do próprio Tommy Lee Jones.
O primeiro filme dirigido por Tommy Lee Jones para o cinema. Em 1995 ele dirigiu um filme para TV chamado The Good Old Boys.
O personagem Mike Norton lê repetidamente a revista Hustler edição 2004 repetidas vezes quando está fazendo patrulha.
Tommy Lee Jones deu a cada um do elenco uma cópia de The Stranger, de Albert Camus, para que eles lessem e pudessem entender sobre a alienação, um tema forte tanto no filme quanto no livro.
Ano: 2005.
País de origem: EUA / França.
Duração: 121 min.
Língua: Inglês / Espanhol.
Cor: Colorido.
Diretor: Tommy Lee Jones.
Elenco: Tommy Lee Jones, Barry Pepper, Julio Cedillo, Dwight Youkan, January Jones, Melissa Leo.
Nesta empreitada o talentoso protagonista de vilões e mocinhos inesquecíveis revela o ufanismo americano regado com uma dose forte de piedade (culpa?) para com os vizinhos de língua espanhola.
A estrutura fragmentada do filme valoriza o trabalho de montagem, mas não o salva do fato de ser periférico nas questões que aborda.
O longa é quebrado em partes, como se fosse capítulos, (1º, 2º e 3º enterro) e apenas aos poucos nos é apresentado como realmente foi morto o imigrante ilegal e indigente Melquíades Estrada (Julio Cedillo). O empenho que Pete (Tommy Lee Jones) demonstra para que o culpado pelo crime seja punido e para que o corpo seja levado de volta à cidade natal de Melquíades é a linha de desenvolvimento dos fatos desta película. Conseguir esses objetivos não será fácil já que a autoridade local dispensa ao defunto um tratamento de indigente. Fora isso tudo, o crime foi cometido por um dos guardas da fronteira que terá a cobertura do policiamento local para não ser incriminado.
A forma como a amizade entre os dois se desenvolve é relatada em flashbacks. A admiração maior que Pete tem pelo mexicano advém de uma inveja 'saudável' das raízes que seu amigo dizia ter pela família e pela sua terra natal. A simplicidade do qual ele, mesmo sendo americano, nunca havia experimentado.
Obstinado em seu propósito, o personagem principal parece caminhar para um ato de remissão da culpa mais do que simplesmente cumprir uma promessa entre amigos de fazer o traslado do corpo em caso de morte. Pete passa desesperadamente por todas as adversidades para atingir seu objetivo como se nada mais lhe importasse. Desses momentos derivam-se cenas repugnantes com o vaqueiro viajando sobre o lombo de um cavalo, ao lado de um corpo em adiantado estado de decomposição no sol desértico do Texas. Em alguns momentos temos a certeza que o agente motivador das ações irracionais é a pura insanidade, contudo existem outros prismas.
Dentro de uma faceta política pode-se enxergar o autoflagelo executado por Pete e transmitido ao responsável pela morte do Estrada, como algo direcionado ao sistema dominador americano em busca de sua expiação. É a penitência necessária onde todos assumem uma responsabilidade.
Seria o inconsciente ou o consciente atuando ?
Como obra cinematográfica Os Três Enterros de Melquíades Estrada funciona apenas parcialmente. As imagens construídas por Jones consegue transmitir a aridez e a rusticidade do local que serve de cenário para o filme, mas a estória não é espalhada satisfatoriamente dentro deste ambiente. Falta substância ao roteiro que parece estar petrificado e atrelado a uma situação, recusando-se a expandir. Exemplo disso são as personagens coadjuvante onde cada uma detém uma problemática interessante, mas que não lhes são dadas um poder de modificação de fato na trama que se desenrola.
Notas:
A maior parte do filme foi rodada no rancho do próprio Tommy Lee Jones.
O primeiro filme dirigido por Tommy Lee Jones para o cinema. Em 1995 ele dirigiu um filme para TV chamado The Good Old Boys.
O personagem Mike Norton lê repetidamente a revista Hustler edição 2004 repetidas vezes quando está fazendo patrulha.
Tommy Lee Jones deu a cada um do elenco uma cópia de The Stranger, de Albert Camus, para que eles lessem e pudessem entender sobre a alienação, um tema forte tanto no filme quanto no livro.
Título original: The Three Burials of Melquiades Estrada.
Gênero: Drama.
Ano: 2005.
País de origem: EUA / França.
Duração: 121 min.
Língua: Inglês / Espanhol.
Cor: Colorido.
Diretor: Tommy Lee Jones.
Elenco: Tommy Lee Jones, Barry Pepper, Julio Cedillo, Dwight Youkan, January Jones, Melissa Leo.
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