Sunday, August 13, 2006

REVIEW - DRÁCULA DE BRAM STOCKER

Refletindo a roupagem dada ao Drácula do escritor Bram Stocker, o filme do diretor Francis Ford Coppola sobre o vampiro mais famoso é classicamente reinventado, misturando uma direção de arte e figurinos impecável, além de um elenco excepcional.
Levar para as telas um tema já tão dissecado pelo cinema e se tornar inesquecível é tarefa difícil. F.W. Murnau foi um dos pioneiros e devido a força do expressionismo alemão tornou lendário o seu Nosferatu de 1922. Após isso surgiram outros Drácula, mas apenas os que tiveram a performance do imbatível, até hoje, Bela Lugosi, entraram para a galeria dos lendários.
O roteiro deste novo Drácula é baseado no conto de Stocker e tem início no século XV, num castelo da Transilvânia, durante as últimas guerras religiosas. A maldição, segundo o epílogo, conta que o príncipe cavaleiro romeno Vlad Draculae (Gary Oldman) se voltou contra Deus após a sua esposa, Elizabeta (Winona Ryder), ter se matado pensando que ele havia sido morto no campo de batalha. Esse fato acabou condenando sua alma, já que cometendo suicídio, segundo as leis católicas, não se tem direito à benção divina. Achando-se injustiçado por Deus ter tirado a vida de seu grande amor e tê-la amaldiçoado após tantas batalhas dedicada a causa religiosa, o nobre passa a abominar a antiga instituição e se dedica às forças das trevas.
Quatrocentos anos se passaram desde que Draculae renegou a Igreja Católica abraçando as forças do mal, condenado a ser um morto-vivo com formas demoníacas e que sobrevive alimentando-se de sangue. Drácula acaba por encontrar em Londres a reencarnação de sua esposa agora incorporada na personagem de Mina (Winona Ryder), e vai querer levar ela consigo para compartilharem a imortalidade juntos.
Obstáculos irão, entretanto, tentar impedir que o monstro alcance os seus objetivos. Jonathan (Keanu Reeves) noivo de Mina e o destemido caçador de vampiros professor Van Helsing (Anthony Hopkins) estarão entre estes obstáculos. É através da voz de Van Helsing que se inicia a apresentação do filme.
O lirismo abunda nos diálogos entre as personagens, assim como as cenas de luxúria que são sempre associadas à fera notívoga. Sangue em profusão também não poderia deixar de ter aliado com tomadas de pura crueldade infantil, pois ao que parece bebês são sempre servidos como o prato principal das feras.
O bom gosto e o requinte deste longa é ofuscado apenas pelo uso frequente de uma técnica de efeitos especias retrógrada e tosca servindo apenas para o empobrecimento visual de algumas cenas. Essa técnica é a que sobrepõe uma imagem sobre a outra; exemplo, quando Mina olha para o céu, vê o rosto do Conde Drácula focado levemente para não bloquear a imagem das estrelas. Quando assistimos essas passagens o encanto diminui, nos fazendo recordar dos filmes de terror de baixo orçamento da década de 70, ricos em improvisação e pobres de recursos que não é o caso desta obra.
Pelo seu conjunto Drácula de Bram Stocker é uma das melhores adaptações sobre a secular figura do Conde e mistura, de forma elegante e com destreza, os ingredientes para que a estória não perca o charme e nem a credibilidade.
Um detalhe curioso é ver Mônica Bellucci, em início de carreira, fazendo quase uma figuração como uma das vampiras amantes do Drácula.

Notas:
Winona Ryder leu o roteiro do filme quando ele ia ser originalmente feito para a televisão e dirigido por Michael Apted, Com quem ela não tinha falado desde que ele se recolheu para descansar da exaustão causada pelas filmagens de O Poderoso Chefão III seis meses antes. Coppola concordou em fazer o filme e Michael Adpted ficou como produtor executivo.
O grito do príncipe Vlad, que se ouve quando ele enterra a espada na cruz é na verdade dado por Lux Interior, o vocalista líder de uma banda punk chamda The Cramps. Depois de gravado o som foi inserido na dublagem.
Sadie Frost que fazia o papel de Lucy teve que tingir seus cabelos de vermelho devido à semelhança que tinha com Winona Ryder.
Numa tentativa de gerar mais emoção para a cena, Coppola gritava palavras como Puta e Piranha quando filmava a cena em que Van Helsing pega Mina com Drácula.
Anthony Hopkins também interpreta Cesare o padre que diz a Drácula que a alma de Elizabeta está condenada.
Gelatina vermelha foi usada como sangue.
Os ganhos do filme foram suficientes para salvar a Zoetrope, o estúdio de Francis Ford Coppola, da falência já que o estúdio vinha sofrendo com problemas financeiros havia mais de três anos acumulando débitos de mais de 27 milhões de dólares.
Quando Mina se recorda de sua vida anterior ela diz que se lembra de "uma terra que se extende para depois das montanhas". 'Terra depois das montanhas' é a tradução literal da palavra Transilvânia.
A cena que Jonathan (Keanu Reeves) adentra o castelo do Drácula foi gravada de trás para a frente para dar uma sensação mais misteriosa à ação.
Steve Buscemi foi um das primeiras pessoas chamadas para o papel do Prof. Renfeild, mas recusou.
A cena da charrete que ocorre antes da chegada de Keanu Reeves no Castelo de Drácula, incluindo os cavalos em câmera lenta, foi retirada diretamente do filme da década de sessenta A Máscara do Demônio, de Mario Bava.
Francis Ford Coppola criticou abertamente ter escolhido Keanu Reeves para o papel de Jonathan Harker. Ele disse que precisava de uma jovem estrela masculina e popular para que houvesse uma conexão maior com o público feminino.
A pintura do Conde Drácula, que é mencionada por Jonathan Parker após sua chegada no castelo, é de fato um auto-retrato de Albert Dürer (pintor alemão, 1471 - 1528) só que com o rosto de Gary Oldman no lugar do dele.
No primeiro encontro do elenco, organizado por Francis Ford Coppola, ele obrigou todos os atores a lerem em voz alta todo o livro de Bram Stocker para sentir a estória. De acordo com Anthony Hopkins foram necessários dois dias para fazê-lo.
A garotinha que aparece nos braços de Lucy (Sadie Frost) sendo carregada para dentro da crypta se aterrorizou de verdade com a maquiagem de vampiro de Sadie e, obviamente, não queria mais fazer outro take. O diretor Francis Ford Coppola e Sadie Frost tiveram que falar docemente durante muito tempo para fazer com que a criança voltasse para os braços de Sadie para fazer uma outra cena.
A figurinista Eiko Ishioka era do japão e como os figurinos lembravam o Teatro Kabuki, o cabelereiro Stuart Artingstall estudou os estilos de cabelo do teatro japonês, juntamente com o das Geishas, e os incorporou em um estilo único. Cada peruca teve que ser confeccionada e se levou muitas horas de trabalho meticuloso para fixar cada cabelo individulamente na base, como é tradicionalmente feito nas companhias de ópera.
Gary Oldman estava bêbado quando filmou a cena em que seu personagem prova o sangue proveniente da navalha de Keanu Reeves. A cena foi filmada após a meia-noite adicionando uma ambientação a mais na tomada e ajudando a pôr o elenco no clima.
É sabido que Winona Ryder não gostava de Gary Oldman e ela evitava esbarrar com ele sempre que podia. Ela particularmente não gosta da cena que Oldman encontra-se com ela no cinema pela primeira vez e a conforta quando ela é aterrorizada por um lobo branco. Ela queixou-se que, tendo que baixar-se ao nivel do lobo para acariciá-lo, começou a sentir dores nas pernas e quis que aquela cena terminasse logo.
Foi Winona Ryder quem trouxe a idéia de refazer a estória de Drácula, de Bram Stocker, para Coppola. Seu agente lhe deu uma pilha de roteiros e um deles era entitulado Drácula: A História Não Contada. Esta foi a primeira vez que Winona leu alguma coisa relacionada ao gênero. Ela nunca tinha nem mesmo visto um filme sobre o tema. Coppola estava interessado e enxergou também como uma oportunidade de construir uma ponte entre os dois já que Winona tinha inexplicavelmente desistido de fazer O Poderoso Chefão III.
Para Manter o orçamento sob controle, a Columbia Pictures insistiu que o filme fosse rodado em Los Angeles e não em locações.
Entre outros foram cotados para o papel de Drácula: Andy Garcia (que desistiu de fazer o papel devido a quantidade de cenas de sexo no filme), Gabriel Byrne, Armand Assante, Antonio Banderas e Viggo Mortensen.
Sadie Froster não se importou em audicionar para fazer o papel de Lucy já que ela se achava, fisicamente, muito parecida com Winona Ryder. Apenas depois é que Coppola teve realmente problemas para escolher o papel e isso aconteceu depois que ele viu a performance de Sadie no filme Diamond Skulls.
A chama azul pela qual a charrete atravessa para entrar no castelo é mencionada no livro original. Segundo a novela é dito que uma noite a cada ano chamas azuis são vistas sobre as áreas onde se encontram tesouros escondidos.
O último vestido do Drácula é de estilo Kabuki e diretamente inspirado pela pintura conhecido como O Beijo, de Gustav Klimt.
Antes de Sadie Frost, Juliette Lewis foi a primeira escolha para o papel de Lucy.
Liam Neeson foi considerado e muito cotado para o papel de Van Helsing, mas depois que Anthony Hopkins, ainda colhendo os frutos pelo sucesso de O Silêncio dos Inocentes, mostrou interesse no papel, Neeson foi, por fim substituido.
Este é o primeiro filme norte-americano editado inteiramente num sistema de processo não linear.
Título original: Bram Stocker's Dracula.

Gênero: Suspense / Ação / Terror.

Ano: 1992.

País de origem: EUA.

Duração: 128 min.

Língua: Inglês / Romeno / Grego / Búlgaro.

Cor: Colorido.

Diretor: Francis Ford Coppola.

Elenco: Gary Oldman, Winona Ryder, Keanu Reeves, Anthony Hopkins, Sadie Frost, Monica Bellucci, Tom Waits, Cary Elwes.

1 Comments:

Blogger Guga Barbosa said...

Ótimo blog, Wilson. Caso não se oponha, vou inserir um link pra cá no meu blog, além de adicioná-lo aos favoritos. um abraço.

6:36 PM  

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