REVIEW - IMPULSIVIDADE
Uma das grandes virtudes da direção de Impulsividade é a de tratar as diferenças entre as pessoas com isenção de prediletismo. As personagens soam tão verdadeiras e reais, quando externam seus pensamentos e vontades que não há espaço para fantasia (ou pelo menos pouco espaço) sendo tudo composto de uma forma muito humana. O perfil de Justin (Lou Taylor Pucci), o personagem principal, é quase tão bem delineado quanto aos dos demais coadjuvantes. O efeito é uma imersão da platéia sobre o filme por ter bases em que se apoiar durante a narrativa, aumentando o entendimento do foco principal.
Justin é o típico adolescente norte-americano, porém envergonhado ao extremo pelo fato de sua insegurança excessiva levá-lo a um cacoete de estar sempre chupando o dedo. Recriminado pelo pai ausente e acobertado pelas justificativas da mãe protetora porém dispersa, ele sente-se cada vez mais inferiorizado. Em sala de aula se mostra-se apático e desinteressado, e para completar a garota por quem é apaixonado lhe dá um fora por ele ser introspectivo quanto aos seus problemas não os compartilhando com ela. Motivado a largar o vício de chupar o dedão em prol de elevar a sua estima, ele aceita a técnica de hipnose sugerida e executada pelo seu dentista, Dr. Perry Lyman (Keany Reeves, em um dos papéis mais esquisitos de sua carreira), que consiste em uma mentalização de seu animal da força nos momentos de ansiedade. Ele logo percebe que não houve mudanças e que suas angústias continuam lhe aflijindo retornando ao velho hábito. Não se dando por vencido e desesperado por uma solução, ele aceita o diagnóstico sugerido por seu professor de sua escola como sendo portador de TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), doença que se caracteriza por dificuladades em organizar e realizar tarefas, cometer erros por esquecimento e distração, perder coisas e tendência a desantenção durante uma aula, palestra ou conversa. Mesmo com os sintomas pouco claros, Justin acaba, por fim, iniciando um tratamento a base de medicamentos que trarão mudanças significativas em sua vida e nas dos que o circulam.
Impulsividade apresenta uma grande riqueza na construção das situações que advém do fato de Justin ser 'chupador de dedo' (título literal da tradução do filme). Esse simples mote nos leva a enxergar toda a problemática que o circunda. Ele não é diferente de ninguém, mas tão somente igual a qualquer um e cercado de problemas ordinariamentes comuns ao ser humano. A negativa da necessidade de superar obstáculos é que o levou a ter o dedo como válvula de escape. Outros comportamentos poderiam ter sido assumidos e utilizados por ele como um agente de fuga da realidade e de uma forma mais nociva ainda como o uso de drogas por exemplo.
O filme traça um panorama da razão humana e suas expectativas frustradas. Não há uma personagem sem lamentos. Todos estão sempre caminhando em direção às suas satisfações, mesmo não sabendo exatamente onde elas se encontram.
Notas:
Scarlett Johansson foi originalmente selecionada para o papel de Rebecca Crane, mas desistiu antes das filmagens se iniciarem e foi substituida por Kelli Garner.
O diretor escolheu Lou Taylor Pucci após selecioná-lo entre 100 atores.
Gênero: Drama / Comédia.
Ano: 2005.
País de origem: EUA.
Duração: 96 min.
Língua: Inglês.
Cor: Colorido.
Diretor: Mike Mills.
Elenco: Lou Taylor Pucci, Vincent D'Onofrio, Tilda Swinton, Vince Vaughn, Keanu Reeves, Benjamim Bratt, Kelli Garner, Chase Offerle.
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