World-of-Movies: REVIEW

Sempre que se pretende trazer um épico às telas cria-se uma expectativa e uma polêmica que muitas vezes é maior que o próprio filme. Dependendo do elenco e do diretor muitos críticos já antevêem de que forma irão analisar a produção. A análise, por vezes, resulta numa crítica injusta caso esteja maculada com uma ídéia apriorística e tendenciosa quanto aos profissionais que atuam no trabalho. A grande enxurrada de críticas depositada contra o filme Alexandre, na época de seu lançamento, não contaminou em nada a sua grandiosidade. Isso mostra apenas que este tipo de avaliação nos dá um direcionamento, mas não sentencia um valor definitivo à obra.
Tido, por muitos formadores de opinião da área cinematográfica do jet-set hollywoodiano, como perito em assuntos com "polêmica comercial", Oliver Stone é amado por muitos e detestado por outros mais. Parte da acidez dedicadas aos comentários do filme se deve ao próprio diretor. Para se ter uma idéia do quão "chato" Oliver Stone é considerado pelos jornalistas, por ocasião da aposentadoria da temida crítica de cinema do The New York Times, Pauline Kael, esta mencionou que um dos motivos que a levaram pedir para sair de cena foi que "só assim não teria que assistir aos filmes do Oliver Stone".
Diferenças a parte, Alexandre se constitue num espetáculo de imagens. O filme nos dá a idéia da dimensão das conquistas do homem que virou lenda, nos presenteando com cenas memoráveis. Talvez o único erro de Stone tenha sido o de ter dado muita ênfase nas cenas fantásticas que o filme exigia e se esquecer de moldar a personalidade das personagens dando-lhes contornos mais definidos.
Collin Farell, embora apareça com cara de bebê chorão na maioria das cenas, não compromete o trabalho. O ator se empenha bastante em dar credibilidade aos medos, angústias e anseios que afligiam o imperador, dando uma atuação satisfatória desempenhando o papel título. Os conflitos com sua genitora e a admiração pelo pai distante são questões circundantes em destaque durante todo o tempo. Essas passagens identificam Alexandre como o resultado de sua criação num ambiente de disputa constante, onde o mesmo mantém-se em fuga psicológica quase todo o tempo. Angelina Jollie como sua mãe também parece estar bem a vontade. Seu magnetismo é tão forte que as cenas em que ela aparece são de soltar faisca. O diretor soube explorar bem seu olhar frio e penetrante, moldando a postura de uma mulher dominadora e calculista. Talvez ela tenha sido a que teve um perfil melhor sedimentado no longa. Jared Leto poderia ter uma participação maior no filme. Talvez por medo de ousar um pouco mais e perder público, já que para os padrões de hoje ainda é inconcebivel num filme de guerra dois homens viris e rústicos terem um romance, Stone não quis arriscar se aprofundando na relação entre ele e Alexandre. Há também uma pequena participação do extraordinário Anthony Hopkins. Aqui ele é Ptolomeu ex-general de Alexandre. Já idoso, ele se lembra da epopéia de seu ex-rei ao tempo que vai ditando a suas memórias, narrando o filme em 1ª pessoa. Destaque a parte deve ser feito à direção artística que soube de forma muito competente recriar com fidedignidade as contruções da época, seja através dos sets suntuosos seja pela utilização da computação gráfica, sendo esta última particularmente útil nas cenas aéreas de batalha.
É inevitável não deixar-se de se deslumbrar com a proposta oferecida por Oliver Stone (também assina o roteiro). Mais uma vez ele abre debates resgatando a memória (seja agradando a todos ou não) de uma figura que faz parte da cultura universal.

Notas:
Algumas cenas com elefantes estavam planejadas para serem filmadas na Índia entretanto como os elefantes não estavam bem treinados a tomada foi feita na Thailândia.
Durante as filmagens Collin Farel fraturou o tornozelo e o braço após cair de uma escada.
Val Kilmer engordou cerca de 22 kg e parou de malhar para compor o personagem Felipe , pai de Alexandre.
Brad Pitt foi sondado para interpretar Hefastion mas recusou a oferta por não ter se agradado do personagem.
Oliver Stone tentou trazer Tom Cruise para o papel principal.
Sean Connery foi inicialmente sondado para desempenhar o pai de Alexandre.
Oliver Stone já conversava com Val Kilmer sobre o projeto de filmar Alexandre na época em que os dois trabalhavam em The Doors (1991).
Heath Ledger foi apontado para interpretar o papel título antes de Collin Farell.
Angelina Jollie interpretou a mãe de Alexandre no filme, mesmo sendo um ano mais nova que Colin Farrell.
Um grupo de advogados gregos tentaram impedir a exibição do filme na Grécia alegando que Oliver estava denigrindo a imagem de Alexandre fazendo referências a sua bissexualidade. Por fim o filme foi exibido ficando em primeiro lugar entre as estréia da época.
As cenas finais do filme foram feitas na Thailândia, entretanto, a película usada na filmagem estragou e Oliver Stone teve que refilmar o final do filme novamente já nos Estados Unidos.