Friday, March 30, 2007

REVIEW - UM HOMEM COM UMA CAMERA

Muitos estudiosos e historiadores do cinema dizem que não há mais nada a ser inventado quanto as técnicas de utilização das imagens em movimento. Tudo que poderia ser criado e tentado já foi feito havendo apenas aprimoramento graças a constante evolução tecnológica. Essa impressão fica ainda mais evidente quando nos deparamos com o filme Um Homem Com Uma Câmera dirigido pelo polonês Dziga Vertov em 1929. O filme, que pode-se dizer ser uma mistura de documentário, experimentos de técnicas de filmagens e propaganda política da qualidade de vida do regime comunista, é um precursor do chamado cinema verdade - Kino-Pravda - patrocinado pelo governo de Lenin logo após a primeira guerra mundial e um reflexo da criação de uma identidade própria de divulgação de um movimento autêntico através do 'meio mais importante de comunicação' segundo o líder soviético. O Homem Com Uma Câmera é na verdade uma coletânea de imagens captadas por diversos ângulos e utilizando de forma inovadora efeitos de Câmera Rápida e Lenta, Câmera Subjetiva, Elipse etc. O resultado não é propriamente um filme convencional, embora exista uma intenção na narrativa de personalizar a câmera dotando-lhe, por vezes, de um caratér de independência, autonomia e vida própria. Patrocinado pelo poder comunista instaurado e sob a direção de Lenin, favorável na utilização do cinema como o principal meio de comunicação revolucionário, Vertov saiu às ruas com a câmera registrando o cotidiano da cidade de Odessa dando ênfase ao estilo de vida moderno e saudável como propaganda da vida da recém-formada União Soviética. Atletas praticando esportes, linha de produção funcionando a todo vapor, operários, um parto ao vivo, a morte, o caos urbano! A lente poderosa e onipresente, a lente de Vertov acompanha todos os devaneios e o frenesi do movimento, e também a inércia da cidade até os movimentos de seu próprio operador. Praticamente não há encenação e a captação das imagens são basicamente o da rotina diária de uma grande cidade da época. O Homem Com Uma Câmera é o primeiro filme a desenvolver uma linguagem cinematográfica própria causando a ruptura do elo que sempre houve com a linguagem literária e teatral, intenção maior de Vertov. Fica explícito esse propósito logo na apresentação quando somos informados da inexistência de legendas, sendo as imagens responsáveis pela trajetória pretendida pelo diretor. A figura do montador e sua importância no direcionamento do trabalho é primordial. Dziga Vertov faz referência a essa necessidade quando ocasionalmente nos remete a uma sala escura onde uma senhora faz um trabalho de corte e edição do filme dentro do filme. Esta senhora sozinha vai fazendo as combinações e seqüência dos frames do filme que estamos vendo de fato: montagem dentro da montagem formando as impressões. Este simbolismo é utilizado para sublinhar a importância do trabalho de organização das imagens e da criação de seus sentidos. É uma aula teórica em que se mostra o trabalho de manipulação dentro do próprio filme, para que este chegue ao resultado almejado.
Um Homem Com Uma Câmera é, sem questionamento, uma aula pura das técnicas do cinema e seus fundamentos. Não há como deixar de se impressionar com o seu conteúdo de grande impacto. As perspectivas empregadas no filme, cujo formato continua sendo exaustivamente utilizado nos dias de hoje, pode ser considerada definitiva devido à sua pluralidade de enfoques.
Sob a sombra do Futurismo e Cubismo, Dziga Vertov adentrou num novo conceito revolucionário soviético artístico: o Realismo /Construtivismo como precursor e pioneiro na exploração das possibilidades existentes dentro dos seus manifestos via "kinema". Um Homem Com Uma Câmera abriu a represa de idéias contidas, ampliando o espetáculo e dotando a película de celulóide com um poder nunca antes imaginado. A mistura dos elementos olho, câmera, realidade e montagem mudaria para sempre o futuro da sétima arte.
Notas:
Um Homem Com Uma Câmera antecipa também muitas das técnicas utilizadas 50 anos mais tarde no filme soviético Koyaanisqatsi em 1982.





Título Original: Chelovek s kino-apparatom.

Gênero: Documentário.

Ano: 1929.

País de Produção: União Soviética (Ucrânia).

Duração: 80 min.

Língua: Russo.

Cor: Preto e Branco.

Diretor: Dziga Vertov.

Elenco: Dziga Vertov e a população da cidade de Odessa na Ucrânia.

Tuesday, March 27, 2007

REVIEW - EM BUSCA DA FELICIDADE

Quem diria que o rapper-palhaço-canastrão Will Smith seria indicado novamente ao Oscar de melhor ator ? Fadado a ser estrela de filmes "brucutus desmiolados", Smith dá uma nova guinada inteligente em sua carreira provando realmente que consegue atuar sem o auxílio de efeitos especiais.
No papel do vendedor - inicialmente - fracassado Chris Gardner no filme Em Busca da Felicidade (produzido também por ele), Smith consegue chegar perto de uma atuação que pode sensibilizar no papel do pai devotado que luta contra todas as adversidades resultantes da falta de recursos financeiros em se estabelecer profissionalmente.
O roteiro é baseado em fatos reais e foi escrito por Steve Conrad responsável pelo reflexivo O Homem do Tempo com Nicolas Cage. A forma que ele utiliza para narrar os fatos ao expectador tem uma póetica realista tocante. Conrad utiliza as intempéries da personagem principal para ressaltar o amor que o mesmo sente pelo seu filho Christopher (Jaden Smith, filho de Will Smith na vida real), combustível maior de sua persistência e obstinação. A cena em que Chris fantasia uma história para que Christopher não estranhe o fato de que irão dormir no banheiro do metrô, após serem despejados da casa que moravam, é uma das mais tocantes já vistas. O trajeto percorrido por Carter de sua falência total, fim do casamento até o ponto em que ele é contratado por uma das maiores corretoras de São Francisco para um estágio não remunerado e uma perspectiva vaga de emprego fixo é muito bem detalhado. Em Busca da Felicidade almeja ser um exemplo de vida é determinação e uma recusa a se sucumbir pelo desespero. Exalta a famosa realização do 'Sonho Americano' e a manutenção da auto-estima de forma discreta sem ufanismo, artificialidades ou clichês. Contudo ele não se expande para além do que se propõe: há uma luz no fim do túnel. A superação da personagem frente aos sufocos, apuros e falta de perspectiva é o foco do filme. A mensagem de esperança á capacidade humana se torna o seu maior recado.
Notas: O verdadeiro Chris Gardner passa por Will Smith e seu filho no fim do filme. Sem-tetos verdadeiros foram utilizados no fim do filme e foram pagos como extras. Eles foram pagos no valor de quase 9 dólares por dia de trabalho e receberam alimentação gratuita dada pela produção durante o periodo que prestaram os serviços. Para muitos foi a maior quantia em dinheiro já recebida durante muito tempo.
Will Smith quis Gabriele Muccino como diretor deste filme depois que assistiu Ultimo Bacio e Ricordati di mi, ambos do diretor.
Os campeõs de Cubomágico Tyson Mao e Lars Petrus foram contratados para ensinar a Will Smith a resolver um Cubo Mágico. Ele agora consegue por todas as cores iguais em menos de dois minutos.
O ônibus municipal visto neste filme é o mesmo utilizado em Velocidade Máxima de 1994, ele tem duas direções uma delas esta localizada entre os bancos da frente.
A "Bíblia" que os internos são orientados a dormir, comer e viver com ela é chamada de "Análises Seguras" de Benjamim Graham. Este livro já foi revisto e republicado várias vezes.
Título Original: The Pursuit of Happiness.

Gênero: Drama.

Ano: 2006.

País de Produção: EUA.

Duração: 117 min.

Língua: Inglês.

Cor: Colorido.

Diretor: Gabriele Muccino.

Elenco: Will Smith, Jaden Smith, Thandie Newton, Brian Howe, James Karen, Dan Castellaneta, Takayo Fischer.

Sunday, March 25, 2007

REVIEW - VOLVER

Penelope Cruz, radicada nos EUA, volta às suas raízes do cinema espanhol e protagoniza Volver a última sensação do aclamado diretor Pedro Almodovar. Volver é um história simples, mas rica em detalhes e peculiariedades numa direção de arte e fotografia primorosos sempre em cores vivas. Estes na verdade são os ingredientes que fazem o diferencial dos filmes de Almodovar. As personagens e as situações construidas no roteiro do cineasta estão no limiar entre o drama fatídico e a comédia nonsense. Neste ponto reside o brilhantismo. Após sua filha matar o próprio pai, que tentava abusar sexualmente dela, Raimunda (Penelope Cruz) acoberta o crime e tenta esconder o corpo para que não seja descoberto pelas autoridades. Este é apenas o mote inicial para que o filme se desenvolva e a partir de então passamos a conhecer os caracteres que irão desfilar na tela, com uma maior intimidade. Os dramas pessoais que se desdobram são diretamente inter-relacionados como numa grande colcha de retalhos necessária para a explicação dos conflitos. O resultado é uma cumplicidade em todos os seus aspectos desprovidas de justificativas, mas cheias de explicações.
A vida de Raimunda vai se elucidando aos poucos após a morte de sua tia idosa. Boatos de que o fantasma de sua mãe Irene (Carmen Maura), irmã da falecida e também morta num incêndio, cuidavam da senhora senil vão tomando um corpo real de veracidade. Sole (Lola Dueñas, ótima atriz), a irmã cabelereira de Raimunda é a única que tem uma noção da verdade e a catalisadora para a solução dos mistérios. Augustina (Blanca Portillo), amiga da família e doente terminal de câncer, também desconfia de algo á mais relacionada a morte de Irene e o desaparecimento de sua mãe sem razão aparente.

Certamente Volver não é o melhor filme de Almodóvar, mas um dos mais sobram criatividade. Ele desacelara em algumas cenas que poderiam ser suprimidas em favor de uma narrativa mais dinâmica e intensa, detalhe que não compromete o trabalho. A figura das personagens, com o fim do filme, parece que vão se tornando mais próximas, nítidas e reais. A simpatia de que cada uma delas possui um simpatia que nos conquista sem muito esforço. O destaque de interpretação vai mais para a veterana Carmen Maura do que para Penelope que é ofuscada pela maturidade da atriz de Mulheres Á Beira de Um Ataque de Nervos. Ela é uma daquelas atrizes que sabem atuar até mortas.


Notas:
Este é o 3º filme em que o diretor Pedro Almodóvar e a atriz Penélope Cruz trabalham juntos. Os anteriores foram Carne Trêmula (1997) e Tudo Sobre Minha Mãe (1999).
Este é o 7º filme em que o diretor Pedro Almodóvar e a atriz Carmen Maura trabalham juntos. Os anteriores foram Pepi, Luci, Bom y Otras Chicas del Montón (1980), Maus Hábitos (1983), Que Fiz Eu Para Merecer Isto? (1984), Matador (1986), A Lei do Desejo (1987) e Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos (1988).
Foi escolhido como representante da Espanha para o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Exibido na mostra Panorama do Cinema Mundial, no Festival do Rio 2006.
Recebeu uma indicação ao Oscar de Melhor Atriz (Penélope Cruz).
Recebeu 2 indicações ao Globo de Ouro, nas categorias de Melhor Atriz - Drama (Penélope Cruz) e Melhor Filme Estrangeiro.
Recebeu 2 indicações ao BAFTA, nas categorias de Melhor Atriz (Penélope Cruz) e Melhor Filme Estrangeiro.
Ganhou 5 prêmios no European Film Awards, nas categorias de Melhor Diretor, Melhor Atriz (Penélope Cruz), Melhor Roteiro, Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora. Foi ainda indicado na categoria de Melhor Filme.
Recebeu uma indicação ao César de Melhor Filme Estrangeiro.
Ganhou 5 prêmios no Goya, nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz (Penélope Cruz), Melhor Atriz Coadjuvante (Carmen Maura) e Melhor Trilha Sonora. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Atriz Coadjuvante (Lola Dueñas e Blanca Portillo), Melhor Fotografia, Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor Direção de Produção, Melhor Direção de Arte, Melhor Roteiro Original e Melhor Som.
Recebeu uma indicação ao Grande Prêmio Cinema Brasil de Melhor Filme Estrangeiro.
Ganhou os prêmios de Melhor Atriz (Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo, Yohana Cobo e Chus Lampreave) e de Melhor Roteiro, no Festival de Cannes.
Ganhou o Prêmio FIPRESCI, no Festival de San Sebastián. De acordo com Pedro Almodovar há apenas um elemento falso no corpo de Raimunda: sua bunda. Ele disse que esse tipo de personagem geralmente possuem bundas grandes e o corpo de Penelope é muito tradicional necessitando, assim, adicionar o incremento. Penelope Cruz se tornou a primeira atriz espanhóla a ser indicada para o Oscar de atriz principal.
Título Original: Volver.

Gênero: Drama / Comédia.

Ano: 2006.

País de Produção: Espanha.

Duração: 121 min.

Língua: Espanhol.

Cor: Colorido.

Diretor: Pedro Almodovar.

Elenco: Penelope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo, Yohana Cobo, Antonio de La Torre, Chus Lampreave.

Wednesday, March 21, 2007

REVIEW - BEM-ME-QUER, MAL-ME-QUER

Maria de Medeiros é uma atriz reconhecida como uma das melhores já vindas de Portugal. Atuando em filmes como Henry e June, Pulp Fiction - Tempo de Violência e o brasileiro O Xangô em Baker Street, a carismática artista lusitana resolveu passar, não pela primeira vez, para o lado de trás das câmeras. Durante o Festival de Cinema de Cannes de 2003, Maria fez uma série de entrevistas com renomados críticos de cinema de importantes jornais e revistas e, também, com diretores de todo o mundo como Manoel de Oliveira, Pedro Almodovar, David Cronemberg e Win Wenders só para citar. O resultado foi o curta metragem Bem Me Quer, Mal Me Quer que adentra na relação amor e ódio que parece ser inevitável entre esses profissionais. A tentativa é de se destrinchar os conflitos envolvidos através dos responsáveis pelos duelos, muitos memoráveis, quando se faz uma avaliação crítica de uma obra e dentro de uma dialética de pontos de vista.
Numa série de depoimentos regidos de forma espontânea e com um tom informal e intimista, os críticos de cinema e diretores desabafam, refletem, analisam, contam casos e tentam dar explicações da dificuldade deste convívio.
O curta é inteligentemente devidido em blocos de idéias afins ao tema do amor: sedução, espera, desejo, desilusão, o sexo, etc. Este tipo de debate sem conferência, palco perfeito para momentos de muita lavagem de roupa suja, é recheado de espontaneidade e momentos de humor casual, que vai se desdobrando dentro da própria informalidade da narrativa.
O fato de Maria de Medeiros ser predominantemente uma atriz adiciona o ingrediente da isenção, sendo notória a comfortabilidade dos entrevistados na análise dos fatos.
Defendendo a tese da neutralidade, Bem Me Quer Mal Me Quer deixa subentendimento a necessidade da existência dessas duas instituições como inerente à arte cinematográfica. Um relato vivaz que apazígua os ânimos e aproxima o que parecia estar distante.
Ps: Como não há cartaz promocional deste filme (pelo menos não que eu tenha encontrado), pus a foto de Maria de Medeiros na apresentação inicial da crítica.
Título Original: Bem Me Quer, Mal Me Quer.

Gênero: Documentário.

Ano: 2004.

País de Produção: França.

Duração: 82 min.

Língua: Inglês / Françês / Espanhol / Português / Italiano.

Cor: Colorido.

Diretor: Maria de Medeiros.

Entrevistados: Pedro Almodóvar, Win Wenders, David Cronemberg, Manoel de Oliveira, Atom Egoyan, Woody Allen, Rubens Ewald Filho, Ken Loach, Caetano Veloso.

Sunday, March 18, 2007

REVIEW - O LABIRINTO DO FAUNO

Olhando para dentro de um universo mágico, paralelo aos terrores do período ditadorial espanhol de Franco na década de quarenta, Guilhermo Del Toro pinta o seu quadro de cores fortes e poesia acentuada em que mistura lirismo, sofrimento e esperança numa história singular e simples mas de entendimento profundo.
O ambiente em que ele retrata esta belíssima parábola é um dos mais trágicos da vida da Espanha onde a luta entre o poder fascista estabelecido do General Franco e os rebeldes contrários à força instituída travavam uma guerra civil sangrenta.
Neste momento de profundas transformações sociais no pais basco emerge a personagem Ofélia (Ivana Baquero), uma criança de grande caráter e cuja pureza se confunde com ás das histórias de contos-de-fada dos livros que lê e que se constituem seu motivo maior de felicidade. Após o falecimento de seu pai (militar morto em combate) sua mãe Carmen (Ariadna Gil) casa-se novamente e muda-se junto com sua filha para a casa do seu novo marido no interior. O novo padrasto da menina é o Capitão Vidal (Sergi López), um comandante assassino e arrogante das forças militares do governo opressor que elimina seus opositores da mesma forma como descasca uma laranja. Ofélia é rejeitada de imediato pelo capitão o qual não disfarça a antipatia que sente pela enteada. Sem ter escolhas ela tenta adaptar-se á nova atmosfera, contando apenas com a presença de sua mãe e também da governanta, que mostrará ser uma figura chave dentro dos acontecimentos. A grande virada na vida de Ofélia ocorrerá em pouco tempo que já encontra-se em sua nova morada. Após receber uma visita de uma fada, ela é guiada por esta, para conhecer um fauno que vive num labirinto subterrâneo no quintal da casa. Ele revela a garota que ela é uma princesa há muito tempo esperada mas que só poderá ser reconhecida se aceitar cumprir com sucesso três tarefas de grande risco à sua vida. Determinada a provar sua legitimidade como princesa ao mesmo tempo que terá que lidar com as dificuldades provenientes dos conflitos de guerra e do novo lar Ofélia percorre um caminho em que realidade e fantasia se confundem fundindo-se em apenas uma saída. As escolhas feitas por Ofélia é a força motriz que a impulsionaque para perto daquilo que acredita.
Tecer mais comentários em relação ao filme em si é arriscar tirar a surpresa maior e, talvez, direcionar o expectador a uma idéia que acredito ser única para cada um e muito pessoal. É a chamada moral do filme.
Um hino à libertação, ao idealismo e ao amor, O Labirinto do Fauno já faz parte da galeria dos filmes inesquecíveis da história do cinema. A violência de certas cenas (que fez com que nos Estados Unidos ele fosse proibido para menores de desezesste anos desacompanhados) dá o seu tom adulto e funciona como um chamamento à realidade se contrapondo à inocência de Ofélia, acentuando desta forma, a dramaticidade. O melhor de tudo é que, embora a película arrisque-se em cair na apelação melodramática e já esteriotipada para os produtos made in Mexico, este deslize não é cometido. Muito pelo contrário. A dureza com que o roteiro do próprio Del Toro construiu dirigiu o espetáculo não nos facilita nutrir nenhuma piedade barata. Por mais solidários que possamos ser às dificuldades experimentadas pela atriz principal ela não é o motivo de ser seja da cena ou do próprio filme mesmo do filme. O sentimento é outro e merece aplausos à lamentos.
A atriz Maribel Verdú uma participação madura como a governanta Mercedes e consegue nos transmitir a angústia que paira em
A direção de arte é um dos grandes trunfos porque consegue situar com elegância e naturalidade o tempo do filme. Irretocável também é a fotografia: um show de belas tomadas e cenas que perduram na memória e que acaba servindo como uma referência de um trabalho nota dez. A maquiagem e os efeitos especias embelezam ainda mais e dão o charme estrutural.
O Labirinto do Fauno é um triunfo do cinema mexicano e da arte cinematográfica em geral por confirmar seu poder em coreografar de forma tão avassaladora e atingindo em cheio os sentimentos humanos este que é sempre o seu maior objetivo.

Notas:
Eram necessárias 5 horas para que Doug Jones fosse caracterizado como o homem pálido. Após este processo o ator precisava usar os buracos do nariz do personagem para poder enxergar.
As filmagens ocorreram entre 11 de julho e 15 de outubro de 2005.
Foi escolhido como representante do México para o Oscar de melhor filme estrangeiro.
Exibido na mostra Panorama do Cinema Mundial, no Festival do Rio 2006.
O orçamento de O Labirinto do Fauno foi de US$ 5 milhões. Ganhou 3 Oscars, nas categorias de Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografia e Melhor Maquiagem. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Roteiro Original e Melhor Trilha Sonora.
Recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro.
Ganhou o Independent Spirit Awards de Melhor Fotografia, além de ser indicado na categoria de Melhor Filme.
Ganhou 3 prêmios no BAFTA, nas categorias de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Maquiagem e Melhor Figurino. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Roteiro Original, Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte, Melhor Som e Melhores Efeitos Especiais.
Ganhou 7 prêmios no Goya, nas seguintes categorias: Melhor Revelação Feminina (Ivana Baquero), Melhor Roteiro Original, Melhor Maquiagem, Melhor Som, Melhores Efeitos Especias, Melhor Fotografia e Melhor Edição. Foi ainda indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator (Sergi López), Melhor Atriz (Maribel Verdú), Melhor Trilha Sonora e Melhor Desenho de Produção.
Recebeu vinte e dois minutos de aplausos em sua exibição no Festival de Cannes.
Sua exibição foi proibida na Malásia pela departamento de censura do pais que justificou o seu veto devido ao excesso de violência.
Um dos poucos filmes de fantasia a concorrerem ao Oscar de filme estrangeiro.
Após uma semana de exibição nos cinemas do México os exibidores locais tiveram que fixar placas nos locais orientando os pais quanto a violência contida no filme, já que eles iam as sessões acompanhados com crianças pequenas.
A torre destruida que é vista na seqüencia de abertura do filme é a velha torre de Belchite que também foi utilizada por Terry Gillian no filme As Aventuras do Barão de Munchaussen (1988) a torre foi destruida durante a guerra civil espanhola e nunca mais foi reconstruída novamente.
Guilhermo Del Toro é conhecido por guardar vários cadernos em que toma notas e faz desenhos das idéias que lhe ocorrem antes de transformá-las em filmes, algo que para ele é essencial. Numa ocasião ele deixou um de seus cadernos cheios de notas valiosas, as quais foram produzidas durante anos para o Labirinto do Fauno, no banco de trás de um táxi e deu como certo o fim do projeto. O motorista do táxi, contudo, as descobriu e se dando conta da importância do material, localizou Del Toro e devolveu o material numa ação que requereu muita dificuldade e despesas. Del Toro considerou este fato como uma benção e fez com ele ficasse mais determinado a fazer o filme.
Doug Jones, o homem com os olhos na mão, era o único americano no set e o único que não falava espanhol.
As pernas do fauno não foram feitas através de computação gráfica. Del Toro criou um sistema em que as pernas do ator faziam os movimentos que comandavam as pernas falsas do fauno. As pernas do ator foram removidas digitalmente.
A atriz mirim Ivana Baquero inicialmente foi considerada muito velha para o papel que era previsto para ser feito por uma atriz com 8 à 9 anos de idade, mas Del Toro ficou tão impressionado com o talento da jovem Ivana que adptou o roteiro para uma criança com 11 anos de idade.







Título Original: El Laberinto del Fauno.

Gênero: Drama/Fantasia.

Ano: 2006.

País de Produção: México/EUA/Espanha.

Duração: 112 min.

Língua: Espanhol.

Cor: Colorido.

Diretor: Guillhermo Del Toro.

Elenco: Ivana Baquero, Ariadna Gil, Sergi López, Maribel Verdú, Doug Jones, Álex Angulo.
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