Friday, June 30, 2006

REVIEW - A INTÉRPRETE


Dentro de um contexto atualíssimo envolvendo política e corrupção, Sidney Pollack retorna em grande forma após anos trabalhando apenas como produtor.
A Intérprete é um thriller empolgante e inteligente fazendo parte, como eu costumo dizer, de uma quadrilogia de filmes engajados da atual safra moderna que fazem parte também: O Senhor das Armas, O Jardineiro Fiel e Syrianna. São filmes que, basicamente, atacam o capitalismo ocidental pelos seus métodos colonialistas de desenvolvimento pelo qual alcançam poder e prosperidade.
Silvia Broome trabalha como intérprete na sede da ONU em Nova Iorque. Involuntariamente, quando retorna para apanhar sua mochila, esquecida na cabine de som após um chamado para evacuar o prédio, ela escuta sussurros que revelam a tentativa de assassinato do presidente africano da República de Motambo, Eduard Zwanie. Ela contacta a polícia que, sob a liderança do policial Tobin Keller, vai desvendando não apenas a realidade por trás da denúncia de Silvia, mas também os segredos escondidos pela intérprete que acabam vinculando-a aos acontecimentos.
Dosando de forma comedida a dramaticidade, a ação e o tom político, o roteiro consegue passar o seu recado de forma efetiva. Quando em alguns momentos temos a sensação que a narrativa pode estar ficando confusa pela quantidade de informações, as respostas vão sendo liberadas cadencialmente sem deixar o espectador à mêrce de seus questionamentos por muito tempo. Essa foi a fórmula utilizada por Pollack no sentido de não aborrecer a platéia com mistérios excessivos, o que valorizou bastante a trama. É a típica produção capaz de agradar a todos sejam aqueles que se interessam simplesmente por um bom filme de ação policial, bem como aquelas pessoas que enxergam além das imagens exibidas e percebem o seu manifesto e crítica.
Embora não seja a melhor interpretação de Nicole Kidman e muito menos a de Sean Penn (embora que, particularmente, mesmo já tendo sido premiado com o Oscar, não consigo enxergá-lo como um grande ator) eles convencem.
A belíssima fotografia do filme explora em vários ângulos a ilha de Manhattan, e principalmente a área em que se encontra a sede das Nações Unidas.
Como obra cinematográfica é um trabalho de primeira; como entretenimento é um programa garantido.
Notas:
Este é o primeiro filme a ser rodado dentro da sede das Nações Unidas. As locações ocorreram dentro da Assembléia Geral e do Conselho de Segurança, bem como nos corredores e halls do complexo. O elenco e a equipe realizaram as filmagens durante os finais de semana para não atrapalhar a rotina de trabalho da organização. Elas se estabeleciam no prédio na sexta-feira à noite, para poderam preparar e organizar os equipamentos só recolhendo tudo no domingo.
Alguns dos extras do filme (cenas da Assembléia Geral, do conselho de Segurança, e as imagens da câmera de segurança) são funcionários reais das Nações Unidas que foram autorizados a participar após assinarem os termos da participação. As filmagens nas Nações Unidas foram realizadas entre abril e agosto de 2004.
Nicole Kidman teve que interromper seu trabalhar em A Intérprete para fazer filmagens de cenas extras de Mulheres Perfeitas após um teste de exibição negativo.
Durante uma cena em que um tiro é disparado contra um ator, não foi permitido utilizar festim por causa da reunião do conselho de segurança que ocorria no local.
A despeito da alta segurança nas Nações Unidas e dos alertas de terrorismo, os menbros da equipe tiveram permissão para trazer facas para trabalhar.
As filmagens, originalmente, estavam sendo planejadas para ocorrer em Toronto no Canadá. Uma réplica da assembléia geral estava a caminho até que se descobriu que se teria um custo muito alto para se fazer os bulbos curvados e florescentes nos formatos arcados das mesas da assembléia. Este fato impulsionou a tentativa de se conseguir gravar utilizando a própria ONU.
Parte do acordo que foi acertado entre os produtores e o gabinete do prefeito Bloomberg foi que, em troca de filmar nas Nações Unidas, todo o filme deveria ser realizado em Nova Iorque utilizando equipes de serviço de Nova Iorque.
O diretor Sidney Pollack encontrou-se com o presidente da ONU, Kofi Annan para conseguir a permissão para filmar dentro da ONU.
Uma cópia da cabine de intérprete foi construída para que a equipe pudesse filmar durante a semana.
Nicole Kidman acertou fazer o filme antes mesmo de ler o script.
Durante a cena em que Nicole esta olhando no livro de notas de pessoas mortas de seu irmão, também falecido, lê-se o nome de sua irmã no filme, Antônia Broome como uma das pessoas mortas. Na vida real uma das irmãs de Nicole chama-se Antônia.
A cena do tiro no conselho de segurança foi feita em apenas um dia. Essa sala fica em stand by vinte e quatro horas por dia durante os sete dias da semana. Se alguma reunião tivesse de ser realizada repentinamente, a equipe teria três horas para retirar todos os equipamentos antes da reunião começar.
Matobo é o nome de um parque nacional no Zimbábue.
Título original: The Interpreter.

Gênero: Drama / Thriller / Policial.

Ano: 2005.

País de origem: EUA.

Duração: 128 min.

Língua: Inglês / Francês / Português.

Cor: Colorido.

Diretor: Sidney Pollack.

Elenco: Nicole Kidman, Sean Penn, Catherine Kenner, Jesper Christensen, Yvan Attal, Earl Cameron.

Tuesday, June 27, 2006

REVIEW - PERGUNTE AO PÓ


Arturo Bandini (Collin Farell) é um jovem escritor vindo do Colorado e de origem italiana. Hospedado numa pensão nos arredores de Los Angeles na década de 30, ele tenta ser reconhecido mas falta-lhe inspiração para que possa escrever algo que seja publicado e aceito pelo editor. A história começa quando Bandini (Colin Farrell), sobrevivendo à base de laranjas e cigarros e com seis semanas de atraso em seu aluguel, reflete sobre o que fazer com sua última moeda. Não lhe restam muitas opções a não ser extrair idéais dos acontecimentos diários de sua vida nessa Los Angeles dos sonhos.
Ele, então, acaba por conhecer Camilla Lopez (Salma Hayek), imigrante mexicana que trabalha num bar e deseja se naturalizar americana. A antipatia incial e troca de insultos reflete apenas a insegurança provinda da origem étnica de suas personagens. Eles acabam desenvolvendo entre si um sentimento que oscila entre o fascínio e o preconceito embutido de suas idéias.
Pergunte ao Pó é uma das obras do aclamado novelista John Fante, trata basicamente das memórias da personagem principal, suas experiências e divagações em plena crise de produção e criatividade. Os traumas de infância que Bandini apresenta para justificar o seu comportamento diante de determinadas situações é o que parece ser mais relevante e é o que determina o foco principal do conflito no filme, mas mesmo assim aparece apenas como um detalhe mal explorado, quando achávamos que se formaria uma situação maior em cima do fato.
Infelizmente o filme, produzido por Tom Cruise, não consegue despertar um interesse de destaque. Embora tenha sido construído em cima de imagens poéticas elas não resultam num fim direcionado e acabam se bastando por elas mesmas. Destaque vai para a bela fotografia e o figurino bem elaborado.
Salma Hayke e Colin Farrell atuam dentro de um comprometimento necessário que o papel exige, não há nada de excepcional em suas interpretações, mesmo porque os caracteres não pedem um esforço maior para suas expressões. Os contornos ficam meio místicos já que não são mais aprofunddos.
Falta conteúdo para que Pergunte ao Pó se substancie. O filme não é ruim, simplesmente não há uma mensagem final e inédita para que se justifique o seu tempo de projeção.

Notas:
Val Kilmer estava originalmente envolvido no projeto, mas abandou por razões que não foram especificadas.
Idina Menzel teve que deixar de atuar no papel principal da peça da Broadway Wicked por algumas semanas, para poder realizar suas filmagens na África do Sul.
Willy, o cachorro, é interpretado por Danny Finn. Seu dono teve que ficar próximo ao adestrador da companhia que a produção contratou, pois o cachorro não era ator profissional e não prestava atenção nos movimentos corretos que deveria executar.
Robert Towne terminou o roteiro deste filme no começo dos anos 90, mas não tinha suporte financeiro para levá-los à tela. Mesmo com Johnny Depp interessado no projeto o roteiro vagou de estúdio para estúdio.
Nos primeiros estágios da produção do filme Johnny Depp se envolveu nos trabalhos durante um ano.
Os direitos do projeto já perteceram a Mel Brooks, mas o prazo de detenção expirou.
Robert Towne se interessou pelo projeto quando se encontrou com John Fante, o autor da novela, enquanto fazia pesquisas para o filme Chinatown no início da década de 70.
Quando Towne apresentou o papel a Salma Hayke ela recusou pois não queria ser esteriotipada com papéis mexicanos. Ela acabou aceitando o papel oito anos depois.




Título original: Ask the Dust.

Gênero: Drama / Romance.

Ano: 2006.

País de Origem: EUA.

Duração: 117 min.

Língua: Inglês.

Cor: Colorido.

Diretor: Robert Towne.

Elenco: Colin Farrell, Salma Hayek, Donald Sutherland, Idina Menzel, Justin Kirk, Eileen Atkins.

REVIEW - CRUZADA

Seria o filme uma propaganda pró-cristandade afirmando que, entre muçulmanos e judeus, eles seriam os melhores governantes para Jerusalém, a Terra Santa? A existência do movimento de cunho sócio-político-econômico denominado cruzada já desqualifica os pretensos administradores da tal tarefa.
Pela quantidade de sangue que é derramada durante a projeção deste épico, inspirado em eventos e personagens reais, é notório que não existe guerra que justifique a quantidade de vidas perdidas em nome de Deus. As crueldades impostas ao povo em nome de uma fé que deveria salvaguardá-los chega a ser irônica. Mais irônico ainda é quando se faz valer toda a violência e mortandade para se ter a posse de uma cidade considerada "Santa", mas que tornou-se mais simbólica devido às agressões e atentados contra à vida do que pela paz.
Nesse cenário onde se mistura fanatismo religioso, ignorância e brigas pelo poder é para onde seremos levados por Bailian (Orlando Bloom), jovem ferreiro católico da França medieval que, após a morte de sua esposa e de ter assassinado um padre católico, foge para a Jerusalém em busca de perdão divino pelo crime que cometeu. Com a ajuda de seu recém-descoberto pai, Godfrey, O Barão de Ibsen (Liam Nesson), ele alcança a terra sagrada. Após a morte de Godfrey, ele acaba herdando de seu genitor não só o título de Barão mas também as terras que lhe foram deixadas nas redondezas de Jerusalém. Ele assume também o compromisso de ser leal ao rei Baldwin (Edward Norton) desta mesma cidade e apoiá-lo sempre que for necessário. Estando no centro de ebulição das maiores guerras travadas na época, não tardará para que o novo Lorde participe das batalhas que serão travadas não apenas contra os muçulmanos, mas também contra a ganância de Guy de Lusignam (Marton Csokas) e os templários (componentes do exército católico). Guy de Lusignam faz parte da nobreza e que, casado com a princesa Sibbyla, irmã do rei, aspira a coroa.
Em Cruzada, o que parece menos importar para os produtores é dar credibilidade à personagem principal, no caso Balian, interpretado pelo inexpressivo Orlando Bloom. Bloom não consegue dar a carga necessária de intensidade que o filme requer, tornando algumas cenas tão inexpressivas e ingênuas quanto o seu desejo de não mais pecar.
O diretor Ridley Scott, como sempre, mantém o seu já conhecido ritmo acelerado nas seqüencias, dando sempre um tom de imprevisibilidade nos acontecimentos.
A presença forte no filme é a de Jeremy Irons que, mesmo como coadjuvante, detém a atuação mais marcante.
As cenas de batalhas, incrementadas com bastantes efeitos de computação gráfica, constituem uma atração de primeira qualidade. Engenhosamente elaboradas e com um realismo espantoso nos melhores detalhes.
Cruzada é, sem dúvida, uma das melhores referências que o cinema nos deu a respeito de uma época crucial para a civilização, mas que ainda constitue um tema desconhecido e pouco explorado.
Notas:
Hans Zimmer estava originalmente atrelado como compositor do filme, mas foi substituído por Harry Gregson-Williams. Algumas semanas após isto, o oposto ocorreu em outro filme: Zimmer substituiu Gregson-Williams na trilha de Madagascar.
Orlando Bloom aumentou quase dez quilos em massa muscular para o papel de Balian. Ele também sofreu com uma gripe que durou um mês durante as filmagens e com ferimentos causados pelas cenas de briga com espadas.
Um dos primeiro roteiros se iniciava com dois jornalistas na atualidade entrando na tumba de Godfrey, enquanto a guerra acontece no lado de fora. Mas a idéia foi abolida.
Com o consentimento do rei Mohammed VI, do Marrocos, os cineastas contrataram 1500 soldados marroquinos como extras.
O roteiro tem aproximadamente 260 páginas, o dobro da quantidade de páginas que usualmente se tem.
Aproximadamente 14 mil peças de roupas foram feitas. Algumas feitas na Thailândia e outras na Turquia. As roupas feitas com argolas de aço para o cavaleiros foram feitas na China.
Três torres de ataque foram feitas. Cada um pesava cerca de 17 toneladas. Fora isso quatro catapultas foram contruídas, cada uma medindo até 30 metros de altura.
Existem aproximadamente 800 efeitos digitais utilizados no filme.
Edward Norton filmou a sua parte em duas semanas apenas.
Título original: Kingdom of Heavean
Gênero: Ação/Drama/Guerra.

Ano: 2005.

País de origem: EUA, Alemanha, Espanha, Reino Unido.

Duração: 145 min.

Língua: Inglês, Alemão, Árabe.

Cor: Colorido.

Diretor: Ridley Scott.

Elenco: Orlando Bloom, Liam Nesson, Jeremy Irons, Edward Norton, Eva Green, Marton Csokas, David Thewlis.
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