REVIEW - SALOMÉ (1923)
Fazia tempo que eu queria ter iniciado comentários sobre filmes mudos neste espaço. Os chamados 'silents' são a base do cinema moderno e muitas obras primas antes de 1928, várias de importância inigualáveis até os dias de hoje, permanecem como referência e base do que que é produzido na atualidade. Sem diálogos, as interpretações eram mais guturais, os gestos e as expressões fortes e, por vezes, exageradas para que a dramaticidade da estória não se perdesse. A pantomima se tornou a característica principal dos filmes destes pioneiros.
O momento de fazer comentários sobre este início mágico da sétima arte chegou e, por coincidência, ocorreu quase que simultaneamente no momento em que termino de ler a biografia da lenda dos palcos e das telas Alla Nazimova, estrela (na acepção do ícone inalcançável da época) principal do filme a ser analisado: Salomé.
Falarei dela após comentários do filme num momento biográfico à parte em seguida às observações feitas ao filme.
Com quase oitenta e cinco anos de realizado o curta Salomé de 1923 é uma experiência em que a melhor descoberta é ver o mito Alla Nazimova em sua boa forma. A crítica na época não se agradou da ambientação e do estilo ultra-moderno adotado. Da mesma forma que Camille, Salomé foi considerado um grande desapontamento pela expectativa criada na volta de Nazimova. Embora o tempo tenha danificado as cópias existentes (quase perdidadas pela falta de cuidado), nota-se o trabalho próprio de Natacha Rambova nos figurinos e na direção de arte exagerada e exótica. Salomé nos gratifica, também, com a interpretação contida e bem delineada do rei Herodes pelo ator Mitchell Lewis que faria 16 anos mais tarde o papel do capitão da guarda Winkie em O Mágico de Oz de 1939. Mais acostumada a se portar no palco do que na frente de uma câmera, Nazimova gesticula e usa toda a expressão corporal e facial aprendida no teatro para desenhar a personalidade, maliciosa e megérica de Salomé. Charles Bryant, embora credenciado como diretor, registra-se que teve pouca influência no filme, comandado praticamente por Nazimova e Natacha Rambova. Outro fato curioso é ver Nazimova (que recusava-se a aceitar o fato de estar envelhecendo) aos 44 anos interpretar uma Salomé de 16 anos. Em menos de trinta minutos Alla encena uma Salomé cheia de luxúria, egoísta e impiedosa em suas vontades. Cega pela força irreal de seus caprichos, padece na concretização dos mesmos. Os closes na rosto da jovem Salomé, mostram uma aura translúcida da atriz que interpreta numa imersão própria de sua técnica. Salomé é, definitivamente, um filme de imagens e que não funcionaria com som.
Gênero: Drama.
Ano: 1923.
País de Produção: EUA.
Duração: 72 min.
Língua: Inglês.
Cor: Preto e Branco.
Diretor: Charles Bryant.
Elenco: Alla Nazimova, Mitchell Lewis, Rose Dione, Earl Schenck, Arthur Jasmine, Nigel De Brulier, Frederick Peters, Louis Dumar.
Com uma infância sofrida (abandonada pela mãe e tratada como criada pelo pai), a atriz de origem judia cujo nome verdadeiro era Mariam Edez Adelaida Leventon nasceu em Yalta, na Crimea (hoje Ucrânia) em 22 de maio de 1879, foi para São Petersburgo, para estudar teatro, chegando até a se prostituir para manter seus estudos, quando seu pai falido já não tinha como prover o seu sustento. O talento de Alla foi logo reconhecido e ela acabou se tornando uma das atrizes preferidas de Stanislavski e Checkov disputando as atenções com a lendária Olga Knipper. Mrs. Nazimova é considerada, até hoje, a melhor intérprete feminina das peças de Ibsen. Nazimova, contudo procurava novos desafios e acabou juntando-se a Orlenev e à sua companhia de teatro excursionando pela Europa e acabando nos Estados Unidos onde, fixando residência, tornou-se uma das mais populares e bem pagas atrizes da Broadway e da Vaudeville (teatro de variedades), onde excursionava em temporadas dentro de companhias. No período em que o cinema explodia nos Estados Unidos, Alla foi convidada a fazer filmes na pulsante fábrica de sonhos de Hollywood. Duas obras apenas desta atriz fantástica não se perderam: Salomé e Camille. Em Hollywood, Alla deu vazão aos seus desejos e começou seu envolvimento com mulheres. Ela é considerada a grande incentivadora de Rodolfo Valentino e de Natacha Rambova os quais se tornaram seus grandes amigos. Decidida a fiquixar-se na Califórnia, ela adquiriu uma luxuosa residência na cidade e que, após reformada, batizou-a de Jardim de Alla. O local ficou conhecido como ponto de encontro de personalidades do mundo artístico local e descolados onde ocorriam farras, uso de drogas e orgias. O término de seu casamento por conviniência com Charles Bryant (diretor de embuste de vários filmes em que Alla participava) levou-a a quase ruína total. Ele exigiu uma grande quantia em dinheiro e também que ela se responsabilizasse pelo acerto financeiro com os débitos do imposto de renda, sob ameaça de contar a todos a orientação homossexual da atriz. Já no final da carreira Nazimova não conseguia bons papéis nos palcos e nas telas. Sem recursos financeiros teve que vender o Jardim de Alla para sobreviver. O local se transformou num hotel com vários bangalows e Alla manteve apenas um deles como sua morada.
Since You Went Away (1944) (as Nazimova) .... Zofia Koslowska
The Bridge of San Luis Rey (1944) (as Nazimova) .... Doña Maria - The Marquesa
In Our Time (1944) (as Nazimova) .... Zofya Orvid
Blood and Sand (1941) (as Nazimova) .... Señora Augustias Gallardo
Escape (1940) (as Nazimova) .... Emmy Ritter... aka When the Door Opened
My Son (1925) .... Ana Silva
The Redeeming Sin (1925) (as Nazimova) .... Joan
Madonna of the Streets (1924) (as Nazimova) .... Mary Carlson/Mary Ainsleigh
Salome (1923/I) (as Nazimova) .... Salome, stepdaughter of Herod
A Doll's House (1922) .... Nora Helmer
Camille (1921) .... Marguerite Gautier/Manon Lescaut in Daydream
Billions (1920) (as Nazimova) .... Princess Triloff
Madame Peacock (1920) (as Nazimova) .... Jane Goring/Gloria Cromwell
The Heart of a Child (1920) (as Nazimova) .... Sally Snape
Stronger Than Death (1920) .... Sigrid Fersen
The Brat (1919) .... The Brat
The Red Lantern (1919) .... Mahlee & Blanche Sackville
Out of the Fog (1919) .... Faith & Eve
Eye for Eye (1918) (as Nazimova) .... Hassouna
A Woman of France (1918)
Toys of Fate (1918) .... Zorah/Hagah... aka Tales of Fate
Revelation (1918) (as Nazimova) .... Joline... aka The Revelation
War Brides (1916) .... Joan
O momento de fazer comentários sobre este início mágico da sétima arte chegou e, por coincidência, ocorreu quase que simultaneamente no momento em que termino de ler a biografia da lenda dos palcos e das telas Alla Nazimova, estrela (na acepção do ícone inalcançável da época) principal do filme a ser analisado: Salomé.
Falarei dela após comentários do filme num momento biográfico à parte em seguida às observações feitas ao filme.
Com quase oitenta e cinco anos de realizado o curta Salomé de 1923 é uma experiência em que a melhor descoberta é ver o mito Alla Nazimova em sua boa forma. A crítica na época não se agradou da ambientação e do estilo ultra-moderno adotado. Da mesma forma que Camille, Salomé foi considerado um grande desapontamento pela expectativa criada na volta de Nazimova. Embora o tempo tenha danificado as cópias existentes (quase perdidadas pela falta de cuidado), nota-se o trabalho próprio de Natacha Rambova nos figurinos e na direção de arte exagerada e exótica. Salomé nos gratifica, também, com a interpretação contida e bem delineada do rei Herodes pelo ator Mitchell Lewis que faria 16 anos mais tarde o papel do capitão da guarda Winkie em O Mágico de Oz de 1939. Mais acostumada a se portar no palco do que na frente de uma câmera, Nazimova gesticula e usa toda a expressão corporal e facial aprendida no teatro para desenhar a personalidade, maliciosa e megérica de Salomé. Charles Bryant, embora credenciado como diretor, registra-se que teve pouca influência no filme, comandado praticamente por Nazimova e Natacha Rambova. Outro fato curioso é ver Nazimova (que recusava-se a aceitar o fato de estar envelhecendo) aos 44 anos interpretar uma Salomé de 16 anos. Em menos de trinta minutos Alla encena uma Salomé cheia de luxúria, egoísta e impiedosa em suas vontades. Cega pela força irreal de seus caprichos, padece na concretização dos mesmos. Os closes na rosto da jovem Salomé, mostram uma aura translúcida da atriz que interpreta numa imersão própria de sua técnica. Salomé é, definitivamente, um filme de imagens e que não funcionaria com som.
Felizes aqueles que testemunharam nos palcos Madame Nazimova vivendo suas interpretações como que possuída pelas personages em peças como Hedda Gabler, Fantamas, Casa das Bonecas Mesclando ficção e um pouco de suas próprias experiências na composição de sua atuações fantásticas e imortais Alla Nazimova é uma das mais fascinantes e intrigantes personagens do mundo da arte e do entretenimento.
Título Original: Salome.
Gênero: Drama.
Ano: 1923.
País de Produção: EUA.
Duração: 72 min.
Língua: Inglês.
Cor: Preto e Branco.
Diretor: Charles Bryant.
Elenco: Alla Nazimova, Mitchell Lewis, Rose Dione, Earl Schenck, Arthur Jasmine, Nigel De Brulier, Frederick Peters, Louis Dumar.
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ALLA NAZIMOVA
Com uma infância sofrida (abandonada pela mãe e tratada como criada pelo pai), a atriz de origem judia cujo nome verdadeiro era Mariam Edez Adelaida Leventon nasceu em Yalta, na Crimea (hoje Ucrânia) em 22 de maio de 1879, foi para São Petersburgo, para estudar teatro, chegando até a se prostituir para manter seus estudos, quando seu pai falido já não tinha como prover o seu sustento. O talento de Alla foi logo reconhecido e ela acabou se tornando uma das atrizes preferidas de Stanislavski e Checkov disputando as atenções com a lendária Olga Knipper. Mrs. Nazimova é considerada, até hoje, a melhor intérprete feminina das peças de Ibsen. Nazimova, contudo procurava novos desafios e acabou juntando-se a Orlenev e à sua companhia de teatro excursionando pela Europa e acabando nos Estados Unidos onde, fixando residência, tornou-se uma das mais populares e bem pagas atrizes da Broadway e da Vaudeville (teatro de variedades), onde excursionava em temporadas dentro de companhias. No período em que o cinema explodia nos Estados Unidos, Alla foi convidada a fazer filmes na pulsante fábrica de sonhos de Hollywood. Duas obras apenas desta atriz fantástica não se perderam: Salomé e Camille. Em Hollywood, Alla deu vazão aos seus desejos e começou seu envolvimento com mulheres. Ela é considerada a grande incentivadora de Rodolfo Valentino e de Natacha Rambova os quais se tornaram seus grandes amigos. Decidida a fiquixar-se na Califórnia, ela adquiriu uma luxuosa residência na cidade e que, após reformada, batizou-a de Jardim de Alla. O local ficou conhecido como ponto de encontro de personalidades do mundo artístico local e descolados onde ocorriam farras, uso de drogas e orgias. O término de seu casamento por conviniência com Charles Bryant (diretor de embuste de vários filmes em que Alla participava) levou-a a quase ruína total. Ele exigiu uma grande quantia em dinheiro e também que ela se responsabilizasse pelo acerto financeiro com os débitos do imposto de renda, sob ameaça de contar a todos a orientação homossexual da atriz. Já no final da carreira Nazimova não conseguia bons papéis nos palcos e nas telas. Sem recursos financeiros teve que vender o Jardim de Alla para sobreviver. O local se transformou num hotel com vários bangalows e Alla manteve apenas um deles como sua morada.
Alla Nazimova morreu em 13 de julho de 1945 devido as complicações de um enfarto. Ela vivia com Glesca Marshal atriz que conhecera cerca de 25 anos atrás. Sem familiares por perto, há vários anos não falava com sua irmã cujo relacionamento conturbado remontava à época da infância.
FILMOGRAFIA
Since You Went Away (1944) (as Nazimova) .... Zofia Koslowska
The Bridge of San Luis Rey (1944) (as Nazimova) .... Doña Maria - The Marquesa
In Our Time (1944) (as Nazimova) .... Zofya Orvid
Blood and Sand (1941) (as Nazimova) .... Señora Augustias Gallardo
Escape (1940) (as Nazimova) .... Emmy Ritter... aka When the Door Opened
My Son (1925) .... Ana Silva
The Redeeming Sin (1925) (as Nazimova) .... Joan
Madonna of the Streets (1924) (as Nazimova) .... Mary Carlson/Mary Ainsleigh
Salome (1923/I) (as Nazimova) .... Salome, stepdaughter of Herod
A Doll's House (1922) .... Nora Helmer
Camille (1921) .... Marguerite Gautier/Manon Lescaut in Daydream
Billions (1920) (as Nazimova) .... Princess Triloff
Madame Peacock (1920) (as Nazimova) .... Jane Goring/Gloria Cromwell
The Heart of a Child (1920) (as Nazimova) .... Sally Snape
Stronger Than Death (1920) .... Sigrid Fersen
The Brat (1919) .... The Brat
The Red Lantern (1919) .... Mahlee & Blanche Sackville
Out of the Fog (1919) .... Faith & Eve
Eye for Eye (1918) (as Nazimova) .... Hassouna
A Woman of France (1918)
Toys of Fate (1918) .... Zorah/Hagah... aka Tales of Fate
Revelation (1918) (as Nazimova) .... Joline... aka The Revelation
War Brides (1916) .... Joan
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